Coração aberto & fechado: dores emocionais da sociedade capitalista

Prólogo
                               
                    22 de abril de 2014
O que fazem as pessoas mudarem tanto seu modo de portar-se com as pessoas do ciclo social, fazendo com que este comportamento influencie no seu modo de ser?
Sentada no quarto, indo à sala, retornando ao quarto novamente vem-me a mesma pergunta. São inúmeras perguntas e indagações que me faço diariamente acerca dos indivíduos. São 18h33min da noite domingo, ouvindo Paula Fernandes e Leonardo (Tocando em frente e Pedaço de chão), refletindo sobre várias coisas da vida, do por que disso, daquilo, por que está acontecendo, etc. Vocês devem estar pensando que vai ser mais um romance que a moça se apaixona ou o contrário, mas não, no decorrer do livro vocês vão identificar em cada palavra escrita neste prólogo a relevância do comportamento das pessoas para entendermos quem realmente somos e como transparecemos socialmente. Abro a janela do quarto com suaves batidas, sentidas de uma calmaria e ventania, porém tudo quieto. Mas eu não estava sozinha, minha mãe à cozinha preparando comidas típicas do São João (Canjica, mugunzá, amendoim cozido), e logo levanto da cadeira do quarto e atravesso a porta, querendo dar uma olhada e beijá-la muito. Fico horas apreciando aquele momento único e mágico, minha mãe, meu tudo. No mesmo instante avisto minha irmã sentada no sofá da sala assistindo desenho, super entretida e animada. Enquanto as observavam, pensei o quanto somos felizes, temos tudo. Neste momento fecho os olhos e me arrisco a viajar pelo o mundo, um mundo que conheço pelos livros e, principalmente pelos olhos das pessoas que observo cotidianamente. Mais uma vez penso nos caminhos, nas escolhas que depende de cada um. Penso nas pessoas de hoje, de ontem e do futuro. Como serão? Será que continuarão com aquele sentimento onde pensam que todos são iguais?Que vão sempre ter uma emoção de altruísmo com o seu próximo ou serão cada vez mais individualistas, egoístas, frívolas? Refletindo superficialmente parece que encontrar respostas para estas perguntas eram fáceis. Embora fosse fáceis falar a respeito precisamos detidamente colher mais informações, analisá-las e pensar sobre elas. Serão muitas informações importantes que poderão nos ajudar a encontrar as respostas apropriadas, com assertivas que nos levem a outras indagações sobre a mudança de comportamento, que ao mesmo tempo nos restringem a umas concepções às vezes antiquadas. Deveria mencionar, por exemplo, sobre a idiossincrasia comportamental dos indivíduos ou até mesmo da balança comportamental. Voltando ao clima agradável do meu quarto, me sento novamente e começo a escrever, sendo interrompida pelo carinho de minha irmã de dois anos e um abraço acalentado de minha mãe. No momento estou-me magnificando com meus pensamentos e tentando não ficar presa aos acontecimentos do passado, porém não evitava a pensar neles. Apesar de às vezes almejar mudar, tornar as pessoas parecidas um pouco comigo, parece algo difícil, mas não impossível. Com freqüência voto meu pensamento para as pessoas, o quanto cada comportamento, personalidade influencia no nosso modo de ser. Lembro-me o quão os jovens são ingênuos para com esta sociedade hipócritas, que nos fazem fantasiar algo que não existe. Olhamos, assistimos os noticiários vemos filhos contra os pais, pais contra filho, matando uns aos outros, nação contra nação por um simples pedaço de terreno ou uma quantidade de água. Aos olhos de uma criança pequena vejo as luzes misteriosas de um futuro misterioso para alguns que não fazem as escolhas certas, que por falta de discernimento tomam um rumo completamente contrário ou pela falta de oportunidade. De certa forma, escrevo este livro com o coração aberto, que aos poucos vai se fechando para uma sociedade onde as pessoas estão se tornando egoístas e individualistas, amargas para com aqueles que estão ao seu envolto, tratando muitas vezes como “cachorros” que por estarem em posição ou ocuparem um cargo, função se acharem melhores e menosprezar, humilhar os indivíduos. Porém, questiono esta maturidade que os indivíduos apresentam às vezes regressando à senescencia de uma mediocridade comportamental. Volto a pensar na resistência que as pessoas se colocam à mudança para melhorar o sistema social que está mutilando o comportamento das pessoas.
Levanto novamente e vou até a janela, dou uma olhada no horário são 19h39min, percebo o vento e o frio típico de Junho retomando sua força. Nada era visível, a não ser meu olhar observando as crianças da rua brincando tranqüilas, aparentemente. Suspiro e volto a pensar na vida, nos livros que já li, me deito na cama e me vejo puxada ao passado para puder entender o presente. Várias imagens vêm à mente, os problemas, situações aflitivas e dilemas que angustiam os comportamentos das pessoas em meio aos processos de uma sociedade que nos impõem medidas de sobrevivência e como devemos proceder.
Enfim, este livro tem muito acrescentar na vida de vocês leitores, seja pessoal, individual e profissional. No momento que escrevo, desconheço tudo e autoconheço, autodesenvolvo minhas acepções e concepções acercam das pessoas, do mundo, uma visão sistêmica, contingencial sobre tudo.
Por isso, chamo os caros leitores a reaprender, repensar, reinventar o novo, ter suas próprias idéias e não se preocupem do que vão pensar o que importa é o que realmente está na sua essência natural de ser humano que erra e aprende a todo o momento.
Daiana da Silva


                       Coração aberto

Sentada na beira do mar, estou escrevendo estas pequenas frases que darão sentido numa explicação minuciosa sobre nós. Uma menina da zona rural dribla os problemas e obstáculos, não liga para os olhares de críticas e chicanas e segue em frente, rumo aos seus objetivos. Um indivíduo que ainda não conhece a essência de maldade, falsidade do ser humano, pensa que todos são bons.
Observo esta menina de longe que tem tudo na vida e me reporto agora a muitos jovens que não aproveitam as oportunidades que a vida lhes oferecem. Minha mente voa em direção de tantas coisas e meu coração abre-se como uma porta que está sempre aberta para recepcionar as pessoas da melhor forma possível.  Vivemos num mundo, com pessoas que pensamos que são como nós, na essência, na ternura e liberdade, igualmente nos efeitos positivos, porém nos enganamos por inúmeras vezes com estes indivíduos. No trabalho nos deparamos com diversos tipos de ser humanos, aquele que realmente transparece ser nosso “amigo” e aquele que acha que nos quer bem, mas seu interior quer nos ver no chão caído.
Atualmente, vivemos num mundo de aparências, fazendo coisas incalculáveis ao nosso ser humano. Às vezes fico me perguntando, o que estamos fazendo com nossa única vida e a vida das pessoas que nos cercam? É um questionamento muito difícil de ser respondido. O individuo está lutando tanto por sua independência financeira, bem como por qualidade de vida, todos estes sacrifícios de conquista, sonhos, as pessoas estão perdendo sua identidade, sua essência de ser. Valendo-se apena de coisas materiais, de desejos superficiais, para cunhar uma sociedade elitista.
Coração aberto, batendo numa velocidade que aponta cada batida de um sonho a ser realizado. Pensando, a todo o momento nas provocações da contemporaneidade, com intuito de ir mais além. Neste, percurso vejo o quanto às pessoas que nos cercam tomam nossa confiabilidade, algumas revelações para futuramente usar contra nós. As maiorias das pessoas são tão abertas com seus sentimentos, que nem imaginam que aquela pessoa a sua volta, possivelmente, por não se conformar com sua colocação, fará tantas coisas para te prejudicarem, falando sobre você com terceiros, fazendo-lhes muitas intrigas até você ficar numa teia de aranha e ficar se perguntando “por que”. Se o ser humano não tiver foco no que realmente almeja na vida pode até cair numa depressão, ou até um suicídio. Existe aquela queda do mito do progresso sem fim como meras soluções dos conflitos ou problemas humanos.
As pessoas vivem num espaço que realmente não existe. Vive-se numa utopia de amizades, casamentos, laços familiares e profissionais. Hoje, os corações estão mais abertos para a satisfação no trabalho e a reciprocidade organizacional, pensa-se somente no seu “eu”, esquecendo dos demais. Não quero com esta afirmação dizer que não exista uma relação afetiva, existe sim, porém nossos interesses sobressaem dos interesses ou desejos dos demais.

Esta menina inocente saindo da sua zona de conforto começa a seguir seu rumo. Agora está no ensino médio, convivendo com outras personalidades, aprendendo e tentando viver em grupo ou até em equipe. No decorrer ela vai aprendendo que neste mundo é muito raro encontrar pessoas que queiram trabalhar em equipe ou grupo, preferem o individualismo. Durante seu primeiro ano no ensino médio ela passou por diversas provações, teve que enfrentar intrigas, gozações de pessoas. Por ser uma menina que só focava nos estudos, não tinha muito amigos, sendo muitas vezes apelidadas de lésbica, sobrancelhas de taturanas, etc.
O colégio que ela estudava funcionava num bairro um pouco perigoso, mas considerado o melhor daquela singela cidade do interior da Bahia. Todos queriam estudar naquele colégio. Os pais faziam filas, dormiam nelas, para conseguirem uma matrícula para seus filhos.
A mãe daquela menina veio andando (quilômetros) da zona rural ao centro urbano para conseguir realizar tal ato. As duas eram mais do que mãe e filha, e sim, super amigas. A menina era muito apegada à mãe. Falando da mãe, era uma pessoa batalhadora, que desde os 10 anos de idade trabalhava para ajudar os pais e também sobreviver, já que muita vez ouvia do pai se não trabalhasse ele a expulsaria de casa ou a matava.  Essa jovem foi crescendo conheceu o primeiro amor da vida se entregou, devidos as várias promessas do rapaz e teve sua primeira filha Esther. Naquela época a moça solteira com filho era morte, mas ela conseguiu ser forte e criar sua filha com muito amor e carinho, já que o pai e família não aceitaram em casa. Rosa sofreu muito nesta vida. Até que conheceu um rapaz e este a pediu em namoro, no caso morar junto. Ela não gostava dele, mas pela filha aceitou. A partir dali ela foi seguindo, tocando seus dias pela longa estrada da vida.

Retornando as lembranças da infância vem a mente certo dia, na pequena zona rural de Sarapui quando a jovem começou a estudar, dentro de uma semana estava sabendo a ler e escrever seu nome. Foi uma emoção enorme para as duas: mãe e filha. Daquele dia a pequena menina começou a desenvolver outra habilidade, o desenho. Todos da pequena zona rural começaram a ficar sabendo dos desenhos, e começaram a divulgação na igrejas, escolas. Até que um dia solicitaram que ela desenhasse uma casa bem antiga daquele município. Daí na apresentação ela ficou mais conhecida, quando mostraram a exuberância da sua arte. Diante das belas palavras da sua madrinha, na qual dizia: “que um dia viria àquela menina fazendo muito sucesso, e onde ela estivesse estaria torcendo por ela”. Estas palavras não saíram da cabeça daquela ingênua menina da zona rural de Sarapui.
A garota foi crescendo e vendo seu destino sendo traçado, conforme as escrituras. Na escolinha de Sarapui Esther já havia passado 04 (quatro) anos. Assim, teve que ser transferida para outra escola que se localizava, em Cajaíba. Desta forma, ela teve que ir às vezes andando com a mãe para a escola ou quando não chovia ia de ônibus. Esther passou muito sufoco para estudar e não perder nenhuma aula. Conforme o tempo foi passando, ela teve que ficar hospedada na casa de uma tia em Cajaiba para facilitar sua vida escolar. Esta fase foi um pouco sofrida para ela, porque teve que separar da sua mãe e só a via aos finais de semana. Isto quando não chovia.
Esther ia todos os dias para escola, chegava lá e ia direto para sala esperar a professora. Os colegas ficavam no lado externo brincando, conversando, ela preferia ficar dentro da sala.
Esther ficou neste colégio durante 04 (quatro) anos, estudando e batalhando muito, não perdeu nenhum ano escolar. Ficou na casa de sua tia de consideração, a quem criou muito afeto e carinho. Ela ajudava muito no rodão, enchendo litro de azeite, lavando roupas, os afazeres da casa. Até que chegou o dia das férias escolares e término do ensino fundamental. Ela retornou para sua casa. Sua mãe começou a articular com o padrasto de Esther que precisavam se mudar para Valença, devido os estudos dos filhos. Assim, eles iniciaram uma busca na compra de um terreno. Compraram um terreno no bairro do Jambeiro em Valença. A princípio Esther os pais e irmãos foram morar de aluguel até o termino da construção da casa. Foram momentos difíceis para ambos. Teve um dia que a dona da casa veio pedir a casa, dando um prazo de um dia para procurarmos outro lugar. Assim o fizemos, e com ajuda de algumas pessoas alugamos uma casa super humilde, que dava para meus pais pagar o aluguel.
A mudança para Valença se deu no dia 12 de outubro de 2004. Naquele dia, com os móveis sendo colocada dentro de um trator, a casa na qual conviveram toda a vida, com um lindo jardim, ficava aos poucos vazia, e a saudade batia forte. O pé de manga, as roseiras, o quintal com suas pequenas plantações de pimenta, mamão, mandioca. Lembranças inesquecíveis.
                 Figura 1 Casa de rosas

A frente da casa cheia de rosas vermelhas, brancas e rosas, com gramas que rodeavam a casa, tudo limpinho. Vewm-se a mente o interior daquela casinha, no município de Sarapui, com uma varanda pequena, onde sentávamos para conversar, relaxar no fim de tarde. Uma sala retangular com piso vermelho, com um pequeno sofá, uma mesa retangular com quatro cadeiras estofadas, uma TV pequena em cores. Dois quatros pequenos com janelas que davam para um lindo céu azul, observando a pureza das coisas simples da vida, com duas camas, nas quais dividia com meus dois irmãos, e que conversávamos, dialogávamos sobe a vida, nos divertíamos. A cozinha de barro, com um fogão a lenha, assando um bolo de aipim que minha faz como ninguém. Já sinto o cheiro saboroso. O pequeno banheiro. A porta da cozinha dava com um imenso pé de capim-santo, que tirávamos todas as manhas para fazer chá.
Sinto a brisa das flores, os ruídos das árvores, o som dos pássaros. Observo um beija-flor pulverizando-as. Como é bom lembrar-se desses doces momentos da minha infância sem problemas, sem estresses, vivendo uma vida harmoniosa na paz do campo.
Voltando as coisas sendo colocada no trator, casa vazia, nos reunimos dentro dela, dando-nos um abraço fraterno, empós vamos ao trator, e às 4 horas da manhã vamos à direção de uma nova vida, novos caminhos. Lágrimas aos olhos, mas uma felicidade no coração.
Chegando a Valença, com o ruído do trator paramos no nosso provisório lar. Tiramos os móveis do trator e fomos colocando cada qual no seu devido lugar naquela casa de dois quartos, uma sala espaçosa, uma cozinha, banheiro e área de serviço. Algo totalmente diferente da nossa antiga casa, já que esta era toda rebocada, pintada, azulejo, vaso sanitário, pia, lavanderia, chuveiro, tudo bem planejado e organizado. Depois, de tudo arrumado, Rosa, mãe de Esther foi fazer o almoço. Os irmãos de Esther foram para o quarto. O padrasto foi levar o trator a fábrica, pois era domingo.quando retornou o almoço já estava posto na mesa. A família aprendera desde inicio a importância do almoço em família. Todos sentados a mesa, iniciaram a conversa sobre a nova jornada e estadia.

Chegou o grande dia de Esther. O esplendor da manhã de 12 de Fevereiro de 2004, uma leve brisa, com o céu completamente azul, iniciara as aulas dela. Ela se matriculou no curso de formação normal, que na época conhecido como magistério. Toda empolgada e feliz fora ao seu primeiro dia de aula.
O tempo foi passando. Esther se desenvolvendo, conhecendo aos poucos os diferentes comportamentos, tentando se enturmar. Contudo tinha certa dificuldade. Certo dia uma colega a chamou no pátio, ela receosa, mas foi. Afastou-se da porta da sala, onde estava encostada e foi até o pátio, chegando lá percebeu alguns olhares e as colegas rindo. Foi aí que percebeu que era uma simples uma brincadeira.
Voltou-se para sala. Embora não se permitisse ficar presa aos acontecimentos do passado, dos momentos calmos da vida rural, também não evitava pensar neles. Não podia apagar aquele capitulo da sua vida, assim como não seria possível alterar o dia de seu aniversário ou sua vinda para vida urbana, pois sabia que isto era algo que estava traçado. Esther era uma menina que acreditava que tudo na vida estava predestinado, nada era por acaso. Que a vida era uma bela passagem, na qual as pessoas deviam aproveitá-la, conhecer as amanhãs com mais afins, apreciar a essência do real doce de viver. Ela sabia que cumprir a vida era simplesmente compreender a marcha e seguir sempre em frente.
A professora chega à sala, daí Esther retorna a realidade e presta atenção na aula. Em um instante ela viu uma singela lembrança, então deixou que a mente devigasse, levada pelas lembranças do passado. Mais uma vez pensou nos caminhos que tem que percorrer e nos tempos já vividos. E quem era hoje? Voltando ao presente, a professora explicava uma atividade que seria apresentada em equipe. Os alunos logo começaram a se reunir com suas afinidades e alguns sempre gostavam de ficar no grupo de Esther, pois fazia todos os trabalhos. O sinal bateu término da aula.
Lá fora, um vento típico de Fevereiro retomava sua força. Chegando em casa, Esther ia fazer as coisas de casa. Seu irmão já havia chegado do colégio também. Ele estava no quarto fazendo desenhos, coisa que amava fazer. Depois, que arrumou a casa ela foi estudar. Neste momento pensou nas coisas simples da sua vida. Voltou-se o pensamento para irmã que depois que vieram para cidade começou a mudar de comportamento, sair sem falar com os pais. A mãe de Esther trabalhava o dia todo, quase não via os filhos, não presenciava o crescimento, desenvolvimento deles. Trabalhava de empregada doméstica. Chegava em casa exausta.
As coisas mudaram muito a vinda a Valença. O padrasto trabalhava o dia todo e finais de semana ficava mais na casa da irmã.
Esther era uma adolescente muito centrada, focada nos seus ideais e nunca deixou que ninguém influenciasse negativamente no seu modo de ser. Já a irmã se deixou levar, ludibriar-se pelas colegas da escola, seguindo seus passos.
O tempo foi passando. A casa que moravam quando vieram de Sarapui, zona rural e Distrito de Valença, era cedida por um amigo da família, onde este era casado e a esposa foi pedir a casa. Nesta a casa da família que ainda estava em construção, não havia terminado ainda.
A moça deu um prazo de um dia para saírem da casa. Desta forma, tiveram que aumentar a construção e se mudar o mais rápido possível para casa sem piso, sem reboco, nem porta, mas se mudaram mesmo assim. Antes de irem para sua casa de fato, como a dona da casa deu somente um dia, tiverem que alugar uma casa provisoriamente, mas não ficaram muito tempo, devido o valor da aluguel.
Chegada o dia da mudança, estava chovendo, muitas coisas se perderam. A casa molhava toda, o chão úmido, fogão a carvão. Observando aquela situação, Esther foi até a janela e ficou lá refletindo. Algumas imagens sombreadas passavam ligeiras diante de seus olhos. Enquanto isso, passavam algumas pessoas na e comentavam entre si como esta família se mudaram para essa casa nessa situação.
Volta-se para sua realidade, no qual estava debruçada sobre a janela, foi conversar com sua mãe. Ela estava dando atenção aos familiares do eu esposo. Falando em padrasto, ele criou desde os dois anos de idade. Esther o considerava como pai.

No dia seguinte, enquanto procurava numa caixa, local onde guardava as roupas, Esther tentava entender por que o ser humano para conseguir alcançar e chegar a uma meta precisava passar por tantos obstáculos, tubulações. E ainda tinha dificuldade de seguir em frente. Claro que não se tratava de sua mudança para Valença, que acontecera em uma madrugada linda da qual ela provavelmente se lembraria por toda a vida.
Mas apesar de ser uma adolescente bastante otimista, Esther se cansava às vezes por tantas coisas que afetava sua vida para a realização de seus desejos. Tantos acontecimentos, perguntas diárias que atormentava sua mente. Sua mãe chega e pergunta:
- Estar perdendo o horário. Como está no colégio?
Por um instante, Rosa achou que não tivesse ouvido bem. Foi quando olhei para ela.
- Estar bem como sempre. Os colegas, a senhora sabe como são, aqueles comportamentos inadequados e fúteis. Mas, hoje graça a Deus é sexta-feira vida que segue.
A mãe contesta.
- Minha filha querida, mas você precisa se enturmar mais, sei que cada qual têm seus jeitos de serem.
Esther caiu estatelada sobre a cama, como suas pernas de repente tivessem perdido completamente as forças.
- Por que não me contou antes? A senhora que não aceitava que eu nem fosse ao intervalo, quando estudava em Sarapui e Cajaíba. Rosa levantou o olhar e parou.
Rosa era uma mãe muito cuidadosa e super protetora. Em Sarapui, quando Esther começou a estudar, no caso com 10 anos de idade. A mãe não tinha colocado antes, pois ficava com medo que os demais colegas batessem na filha, somente com muita insistência da professora e madrinha local, foi que ela deixou Esther freqüentar a escola. Na condição de levá-la e buscá-la todos os dias. Naquele povoado, os vizinhos ficavam observando e comentando sobre como rosa tratava aquela menina. Alguns diziam que esta proteção toda era devido à menina não ter sido criada por seu pai biológico, não ter tido carinho paterno. Como isto, ela quis suprir toda esta falta com sua presença máxima na criação de Esther. Enquanto isto, Rosa também tinha mais dois filhos, uma menina e um menino, que também carecia de carinho e atenção por parte da mãe e do pai, já que este não dava muita atenção para os filhos, vivia mais trabalhando no trator, e quando folgava iam para os bares.
Esther recolheu a roupa que ia vestir para escola e foi tomar o banho e se arrumar para o Colégio. Rosa se retirou e foi para sala ver seu filho João que também estava se organizando para ir para a escola. Tatiana havia acabado de acordar.


Esther começa seu primeiro trabalho como vendedora de bijuteria em uma loja do comercio de Valença, indicada por uma colega, qual no princípio demonstrava ser uma boa pessoa, mas depois demonstrou a ser uma megera de ser humano. Maltratou, até atingiu fisicamente. Esther era uma pessoa que não conseguia revidar ou responder ninguém. Teve um dia que esta menina queria que Esther contasse algo que nunca existiu. A patroa de Esther gostava muito dela, e esta começou a sentir ciúme, queria saber tudo que a patroa falava dela e perguntou a Esther:
- Ela falou algo sobre mim?Ela está querendo me despedir? Fala Esther eu te coloquei você me deve isso.
Esther não gostava dessas coisas e implorou para Renilda a deixar em paz pelo amor de Deus.
Renilda replicou:
- Você sabe de algo me conte agora Esther. Instigou até o ponto de Esther desmaiar de tanta pressão psicológica.
Quando Renilda viu Esther caída no chão, ficou desesperada e foi chamar por socorro. As pessoas chegaram e tentaram reanimá-la e de fato conseguiu. Perguntaram o que aconteceu, como sempre Esther não respondeu e disse que somente sentiu uma tontura e caiu.
Depois de finalizado o dia Esther foi para casa. No caminho Renilda a abordou e implorou para ela não contar nada ninguém, principalmente a sua mãe.
Chegando em casa a mãe perguntou o que sucedeu:
- Nada mãe, somente uma tontura e pronto, já passou.
Neste momento Esther não conseguia olhar par mãe e foi para o quarto.
Neste trabalho Esther recebia R$ 50,00 reais por semana. Como este dinheiro ela pagava seus cursos de capacitação, e algo que precisasse em casa. Teve uma semana que Esther ia receber o dinheiro ela pensou em algo que queria muito, um relógio. Assim, ela foi numa relogiaria e comprou o relógio que ela tanto queria. La já havia conversado com a mãe a respeito.
Esther sonhava em cursar faculdade, mas o dinheiro não dava. Na loja ela limpava, arrumava tudo, juntamente com as demais colegas. Depois, que fazia isso, ia para frente da loja chamar os clientes para entrarem na loja e quem sabe comprar. A dona quando não via nenhuma venda ficava zangada e fria, colocava a culpa nas revendedoras e obrigava que as meninas gritassem na frente na loja, chamando os clientes, quando estas não faziam as ameaçavam colocarem para fora.
Certo dia, Esther chamou um cliente, este era estrangeiro e começaram a conversar. Ele gostou muito de Esther e falou:
- A senhorita tem um brilho diferente no olhar, coisas muito raro de encontrar nas pessoas.
Esther fitava o olho com muita timidez, ao mesmo tempo alegria e empolgação de ter encontrado um amigo. Várias conversas e ida a loja, ele compra algumas coisas para levar de lembranças para os familiares na Suécia. A dona da loja não gosta de encontrá-lo todos os dias na loja, a não ser se fosse comprar
Primeiro caro que Esther conversava e achou legal. Na semana seguinte, ele passou na loja para se despedir e deu um abraço bem forte e afetuoso em Esther. Ele pediu email e telefone dela para manterem contato.
Quando seu amigo Richard se foi, Esther começou a perceber determinadas atitudes do ser humano com mais atenção. Sua patroa era uma senhora, que demonstrava ser religiosa e praticar de forma correta, contudo, isso só era um discurso falacioso, pois a forma que ela trava as funcionárias ia de contra os seus discursos em favor do bem das pessoas. As meninas trabalhavam de segunda a domingo. Na maioria não recebiam nenhum extra. Esther via aquele trabalho como algo temporário, pois pensava em crescer profissionalmente, ao contrário das colegas que buscavam um bom partido para namorar ou casar e ter filhos.
A mãe de Esther trabalhava na casa de algumas pessoas conhecidas e importantes da classe alta de Valença. Ela conversava muito com eles sobre a filha e a vontade que tinha em crescer e fazer faculdade. Em Valença estava para vir uma rede de farmácia famoso e conhecida na Bahia. O ponto onde funcionaria a farmácia era dos patrões da mãe de Esther, quando esta soube falou logo com seus patrões e estes fizeram a indicação da menina aos donos da Farmácia.
Esther fez a entrevista e passou no teste. Ela foi à loja onde trabalhava para conversar com a patroa que sairia do trabalho, que queria as contas. A carteira dela nunca foi assinada. a patroa fica perplexa.
- Como você faz isto e nem me avisa com antecedência. Eu lhe ajudei no momento que mais precisava, te dei emprego.
- Senhora, fui buscar algo melhor, este trabalho aqui era temporário. A senhora sabe que, quem almeja galgar outros patamares devem voar até encontrar um caminho. Eu sou uma pessoa em construção, mas já sei que nós seres humanos somos como bicicletas, devemos sempre nos movimentar para dar um sentido a nossas vidas.
Depois de uns minutos, a nova empresa liga para informar a Esther sobre o treinamento. Ela foi. A dona da loja ficou chateada.
No dia seguinte, Esther chegou e disse que só veio avisar que começaria seu novo trabalha amanhã e não mais trabalharia na loja. Esther pediu os tempos, a dona ficou de ver com o contador e avisar por telefone.
O grande dia chegou. Esther começa no novo trabalho. Na farmácia tinha seis funcionários, duas operadoras de caixa, dois atendentes, uma farmacêutica e uma secretaria. A inauguração movimentada.
Chega final do dia, fechamento do caixa. Maior confusão, devido a sistema. Fechado o caixa, foram despachadas. Chegando em casa exausta, para se arrumar e ir para faculdade. Isto mesmo, Esther a duas semanas atrás iniciou a faculdade de Administração com a ajuda dos patrões da sua mãe. No qual emprestaram a ela o valor da matrícula e mensalidade até ela erguer no trabalho. Esther super feliz chegou em casa, abraçou a mãe e irmãos.
Como não tinha aula tomou banho e foi descansar um pouco. Depois levantou para conversar com a mãe.
- Mãe estou pensando em comprar um computador, pois estou precisando devido os estudos e trabalho.
Rosa numa assertiva só disse:
- Claro minha filha. Amanhã mesmo compramos, parcelamos em valores suaves. Vai dar sim.
No dia seguinte foi para o trabalho e pela tarde foi comprar com a mãe o computador. Foi atendida por um vendedor um pouco antipático, mas no final compraram. À noite faculdade, muito feliz ela ia. Começou a conversar conhecer pessoas diferentes estilos. O coração de Esther começou a se abrir para um novo caminhar. As aulas eram ótimas, professores e excelência.  A sala bem organizada, equipamentos de áudio e som adequados. Esther começou se entreter mais, aproximar das pessoas, dar opiniões. No final da aula, no principio ia andando para casa, mas devido a alta periculosidade alocou um transporte, aonde também iam outras colegas.
A casa de Esther era simples e rústica. Todos que passavam ficavam olhando ou chicanavam. Não foi diferente com as colegas do carro.
Certo dia, o carro esqueceu Esther, quando saiu da Faculdade assustou-se e correu atrás do carro e conseguiu pegá-lo. Ela era uma menina muito ingênua, não via maldade nas pessoas, mas observando as cenas e comentários das pessoas conheciam como também as meninas falavam da sua casa, percebia o quanto o ser humano coisifica o outro pelo o que ele tem e não o que ele é na sua essência.
- As pessoas são tão cruéis. Somos seres descartáveis, vivendo numa vida, que nega algo que se tornou visível. Somos mercadorias sem valor nesse mundo proletariado, no qual perdemos a qualidade tão sonhada, devido à substituição de algo sem espelhar na nossa cultura, que vai muito além do que imaginávamos. A monopolização da vida social, onde tudo que era autêntico e espontâneo se transformou numa verdadeira representação do ser humano, no qual aquilo que era imodificável, simplesmente foi substituído por algo artificial, coisificação e falso. Somos seres semelhantes feitos de um mesmo grão e forma. Dizia Esther em seus pensamentos ocultos.
Esther volta-se suas lembranças a sua casinha em Sarapui, numa noite estrelada, no seu pedaço de chão.

Uma grande dor atormentou toda família de Esther, desestabilizando por completo todo ser da família. A morte do seu irmão caçula de 15 anos de idade, no dia 01/01/2009. Fato que aconteceu nas férias escolares, na cachoeira de Sarapui, Canto Galo. Esther e a mãe estavam na praia do Guaibim. Naqueles dias as duas acordaram um pouco triste, mas não sabiam por quê. Foram na paria. Chegando, a mãe não quis nem aproximar-se da água.
-O que foi mãe? Está se sentindo bem? Disse Esther preocupada.
- Minha filha, nada não. Só um aperto no coração, sensação estranha.
Ela nem imaginava que neste momento seu filho estava se afogando, sem ninguém conseguir ajudá-lo.
-Vamos para casa? Articulou Esther.
-Oh, filha desculpe. Mas, vou aceitar sim.
As duas foram para casa. Pegaram o ônibus. O Guaibim estava lotado de turistas, carros. O ônibus cheio. Passageiros reclamando. Chegamos em Valença. O ônibus nos deixou no ponto da Triana. Dali fomos para casa andando.
-Passou mãe a sensação?
-Está passando. Chegar em casa, vou tomar um banho, relaxar que passa.
- Certo. Qualquer coisa vamos ao médico, minha mãe querida.
A mãe assentiu com a cabeça.
Chegando em casa. Ela foi tomar banho. Em alguns instantes chega meu padrasto, nervoso. Rosa saiu do Banheiro com a toalha enrolada no corpo em pranto. Cena muito triste.
- O que aconteceu com meu filho? Diga logo. Em pranto quase não se agüentando em pé.
O pai nervoso, chorando.
- O pessoal disse que ele saiu pela mata com os meninos e não havia retornado. Tinha sumido.
-Jesus, nossa senhora, meu filho, meu filhinho. Eu não estava lá para proteger, me perdoe.
Esther tentando segurar e ser forte.
Uma semana antes ela havia sonhado com sua madrinha já falecida dentro de um rio em Sarapui, com a vela na mãe. Ela compartilhou esse sonho que a mãe, contudo pensaram que era mais um sonho comum. Mas os sonhos de Esther eram todos de revelações.
Eles foram para casa dos patrões da mãe. Lá fomos recebidos com toda cordialidade e simpatia. Esperamos mais noticias e esperança que tudo fosse um mal-entendido. Em alguns momentos de oração, o telefone toca e confirmada a morte por afogamento do amado irmão e filho.
A partir do falecimento do filho, os pais não conseguiam mais se equilibrar no casamento de 22 anos. Começaram a brigar. O padrasto começou a beber, chegar em casa tarde. Todas as noites discussões. Ele não conseguiu se ajudar e nem ajudar sua esposa.
Depois de um ano e meio da morte do irmão, eles resolveram separar, dizendo que não dava mais certo. O padrasto vendeu o sítio de Sarapui sem comunicar a família. Estava com uma amante. Rosa sonhava muito em ter outro filho, não se conformava com a morte do filho, não tinha animação para nada. Até um dia que mesmo brigada com o marido resolveu se deitar com ele pela última vez. Nesta noite ela tinha certeza que teria um filho novamente.
Na manha seguinte, ele se arrumou e pegou suas coisas e foi embora de vez. Disse que não queria mais vê-la, que acabou. O tempo foi passando, um mês depois, ela veio conversar comigo.
- Filha tenho algo para te contar.
- Diga mãe.
-Estou grávida.
Esther ficou com a boca entre aberta. E articulou:
- Que mãe! Vamos cuidar muito, conte comigo. Estou aqui.
Durante toda a gestação o pai não deu atenção e dizia que o filho não era dele. Com muito sacrifício as duas seguiram em frente.  A irmã não ficava em casa, só aparecia de vez em quando. Uma menina que saiu de casa aos 14 anos de idade, largou tudo por uma vida fácil. Mas era uma menina sensível e muito carinhosa com a mãe. Esther esteve com ela o tempo todo. Na alegria, tristeza e doença.
-Mãe estou indo para o trabalho. Amo-te. Beijos.
-Minha filha, Deus acompanhe.
Com a gravidez rosa ficou impossibilitada de trabalhar. Com o decorrer da trajetória a filha Esther é quem arcava com todas as despesas da casa, não deixando faltar nada.quando a mãe disse na época que estava grávida, pegou Esther de surpresa.


Chegando em casa, Esther recebe com abraço sua mãe, que a espera com felicidade, na qual só vai dormir quando a filha chega. Uma casa simples, mas que transmitia muito energia boa.
Rosa perguntava da aula.
-Como foi a aula hoje? Está bem?
Ela percebia todos os traços da filha e nesta noite percebeu uma tristeza no olhar. Esther para não preocupar a mãe respondeu:
-Foi ótima Vida. Estou bem. São coisas da vida que aprendendo a conviver.
Esther foi tomar banho. Chegou ao banheiro. Espaço pequeno, sem reboco, com uma cortina de plástico e pôr a chorar em silencio, sem que sua mãe ouvisse.  Saiu do banho. No quarto, verificando os livros para iniciar os estudos. Quando Rosa chama.
- Filha venha tomara um copo de leite e jantar algo. Fiz macarrão com camarão seu prato predileto.
Esther do quarto responde:
- Minha mãe querida, depois pego algo. Vá dormir e descansar. Amo-te, viu.
Na faculdade Esther fica descobrindo, através de um colega que uma organização ligada a justiça estava precisando de estagiários. O colega falou para ela que era uma ótima chance para crescimento profissional e ascensão para quem almeja ficar conhecida e ter oportunidade.
Esther na hora pergunta:
- como faço para conseguir este estágio, colega?
Ricardo responde:
- Simples. É só você solicitar uma carta de encaminhamento da faculdade e apresentar à Juíza.
Esther de logo aceitou e foi até o coordenador do seu curso de Administração.

No dia seguinte, como ela já estava trabalhando no turno vespertino da farmácia foi na organização falar com a responsável da contratação de recrutamento e seleção de estagiários. Do lado externo daquela organização, ela olhou cada detalhe, os carros estacionados nas suas respectivas vagas nomenclaturados. As pessoas nas filas, esperando atendimento. Adentrei e lá dentro uma recepção não muito apreciativa, solicitei das pessoas que ali passavam, aonde era a sala da Administração que estava precisando de estagiários e as pessoas perguntavam.
- Oh filha não sei. Aqui as coisas são muitos difícil de conseguir uma simples informação.
- Qual delas?
Esther não sabia, mas tinha duas seções, na qual uma cuida dos feitos cíveis e outra criminal. No momento ela não soube responder. Até que apareceu uma pessoa observando a conversa.
- É sobre estágio? Então, vá falar com a parte cível. No primeiro andar, lado esquerdo, última porta.
-Muito obrigada.
Agradecendo Esther subiu as escadas e deparou com imenso corredor cheio de portas e pessoas. Chegando lá, perguntei a secretária:
-Bom dia. Vim falar com a pessoa responsável acerca da vaga de estágio.
A secretária muito altiva articulou:
- Por gentileza, aguarde um pouco, pois ela estar em reunião. Vou comunicá-la.
Neste instante sai uma pessoa do gabinete gritando, falando alto. A secretária coitada, foi até ela e disse:
Senhora tem uma pessoa querendo falar sobre a vaga de estágio.
Ela fitou-me e foi logo dizendo que não queria mais estagiário que ela procurasse com a outra juíza.
-Amélia a direcione para parte criminal, já tenho muito estagiários.
-Certa senhora.
A secretária, muito gentil encaminhou Esther para outra seção. Chegando lá ela deparou com ambiente completamente diferente, com uma recepção agradável e direcionadora. A outra deu-lhe toda atenção e tratou Esther com educação e mandou-a começar o estágio a partir do dia seguinte. Esther ficou radiante. Despediu-se e saiu da sala.
No ônibus pensava nas coisas passadas e que seu caminho estava começando se abrir, pois nunca imaginava que um dia trabalharia no lugar como aqueles, no qual na sociedade são de poucas pessoas. Mas, contavam que além de Esther, tinham muitas pessoa humildes, esforçosas, estudiosas e chegavam lá. Uma coisa observável naquele local nos poucos momentos que Esther ficara por lá e isto se confirmaria na sua jornada de estagiária é que muitos ali se consideram deuses, querendo passar por cima de tudo, menosprezando, humilhando indivíduos, desdenhando, principalmente aqueles que não têm voz para agir, com medo, devido à superioridade daqueles. Esther era uma menina batalhadora, que sonhava alto, sem esquecer suas raízes, seu pedaço de chão, no qual sempre lembrava.
Foi para farmácia. Nem almoçou, lanchou algo. Chegando lá, foi para seu posto e começou o fluxo. No decorrer da tarde. Ela ajuda na faxina e limpeza dos medicamentos e auxilia nas vendas também.
Passado tempo na farmácia Esther começa sentir algumas ironias e perseguições, através de seus colegas. Esther é colocada não somente para fazer sua função para qual foi contratada, como também para realizar limpeza. Mas ela não tinha vergonha disse, tinha muito orgulho, pois sabia que é assim que começa a transcendência de sua carreira.
Com o tempo Esther vai adquirindo mais experiência e sabendo agir, conforme o regramento da legislação, por em prática seus conhecimentos adquiridos na Faculdade, como futuramente seu estágio. A partir que ela já começa a se movimentar, algumas pessoas não gostam e percebem que elas estar aprendendo demais.
Fim do dia Esther fecha o caixa e entrega os valores a secretária e vai correndo para Faculdade. Esther vive momentos, no qual desconheçeo tudo e autoconhece, autodesenvolve suas acepções e concepções acercam das pessoas, do mundo, uma visão sistêmica, contingencial sobre tudo.
Chega o grande dia, o estagio, na organizacional judicial. Local onde ela vai descobrir e aprender várias coisas, e talvez encontrar o que tanto busca. Quando chega ela é recepcionada, apresentada aos demais funcionários e estagiários. Depois, recebe as primeiras atividades, nos quais desenvolve com muita precisão, atenção e eficiência. O tempo vai passando e todos gostam do seu trabalho. Como estava fazendo o curso de Administração, Esther solicita a sua coordenadora para ir para administração para aprender as técnicas sobre seu curso, como colocá-las em prática. De lá aprendeu um pouco de todos os setores, conquistando com seu esmero trabalho. Passaram-se alguns meses de estagiários e Esther não havia recebido nenhuma bolsa auxilio de estagio. Daí ela pediu que a coordenadora a ajudasse. Passado um tempo ela conseguiu. Ela ficou feliz e agradecida com tudo. Na farmácia o ambiente estava insuportável pelas implicâncias dos colegas, nos quais Esther não sabia informar a razão. Mesmo assim, ela suportou até seu limite e conseguir um trabalho mais estável.
Esther está a dois anos na organização judicial. Seu contrato de estagio estar terminando e ela trilha em conseguir um contrato em uma empresa que esteja a disposição na organização judicial. Dali que surge uma oportunidade, ela faz o treinamento especifico e passa. continuando assim, na organização judicial. Na farmácia, como sua Faculdade estar para finalizar, daí ela resolve faze um acordo e pede sua demissão.
No fórum ela começa a trabalhar mais, ter mais atribuições. Ela vive momentos bons e ruins. Neste ambiente ela começa de fato a ver e entender que o ser humano é muito cruel. A frieza das pessoas para com os outros e a vivência da inaceitação da sua atual situação desagradável, como por exemplo, a condição humana e os dramas que acometem este indivíduo com várias doenças psíquicas da sociedade.
Naquele local tinham pessoas boas, maravilhosas que ajudaram muito Esther a driblar determinados obstáculos, e outras que a humilharam, desdenharam por demais. Até de chegar ao ponto de dizerem:
- Vá sentar no seu lugar, no seu cantinho e ficar ali calada, pois ali é seu lugar e não sai dali. Disse uma funcionária.
Estas palavras flecharam o coração daquela menina sonhadora, que não tinha malícia das pessoas. Esta palavra machucara tanto, que se não fosse sua mãe aquela menina tinha caído numa depressão sem volta.
-Mãe quero morrer. Mãe por que tenho que passar por todas essas provações para conseguir vencer na vida?
- Mãe nunca mais serei engano, nunca vou deixar que me maltrate assim. Nunca mais meus encantos, nunca mais serei engano, Mãe. Neste instante Esther cai em pranto.
Isto tudo porque Esther não aceitava ser mais maltratada, humilhada. Com todo o conhecimento adquirido ela começou a responder a altura, mas muitos não aceitavam. Estavam acostumados com aquela menina calada, que aceitava tudo, piadas, ser chamada de santinha. Era uma menina que só queria trabalhar tranqüila.
Esther com tudo que passou vai conversar com seu psicólogo amigo Ângelo, no qual desde que começou a trabalhar duplamente vem conversando com ele. Ele era seu professor.
-Como está garota criança? Estes olhos já me dizem tudo.
- Ângelo estou tão triste ultimamente. Estou sendo julgada por um mal-entendido. Que nunca tive intenção de fazê-lo.
-Esther você está mudando, estamos acostumados a lhe ver de outra forma. Muitos espantam com alguns modos seu de agir. Mas, isso é bom para seu crescimento querida. Já havia lhe dito várias vezes, “não abaixe tanto a cabeça Esther, um dia você vai sofrer e vão tomar conta de você!
- Esta mudança é necessária. Ainda continuo a mesma, minha essência é imutável, aos poucos estou desencantando deste mundo. Para sobrevivermos nesta sociedade, infelizmente temos que mudar para nos defender. Não que sejamos seres arrogantes e prepotentes ou falsos. Que no caso, este última me arrepia e abomina. Digo-lhe que já me falaram que sou falsa e isso me machucou mais ainda, pois quem me conhece sabe que não sou. Nunca na vida faria algo para machucar ninguém e quando faço reconheço e vou até pessoa e peço desculpa, mas algo que acho nevrálgico da humanidade é acusar o outro sem motivo, sem provas. Acho isso frívolo. Detesto injustiça. Fazer um falso julgamento. Fofocas é outro mal da humanidade, intrigas para autobeneficiar-se. Pessoas que pensavam que eram meus amigos. Deus porquê?tudo que não queria estava acontecendo.
- Não chores Esther. Sei quem é você. Não absorva isso. Estas pessoas não merecem suas lágrimas. Seja forte você vai superar tudo garota.
 Esther era forte, mas forte do que pensavam. Ela começa a perceber que as pessoas vivem num espaço que realmente não existe. Vive-se numa utopia de amizades, casamentos, religião e profissões Hoje, nossos corações estão mais abertos para a satisfação no trabalho e a reciprocidade organizacional, pensa-se somente no seu “eu”, esquecendo do “outro”. Com o coração aberto para novas conquistas da vida que aos poucos vai fechando para as amarguras do cotidiano, da convivecialidade com as pluralidades do individuo social.
Depois daquele episódio Esther começa pensar no novo rumo. Surge uma oportunidade de emprego numa instituição, na qual ela se candidata, participa da seleção e é convocada para entrevista, faz a prova e é aprovada. Neste Esther reflete sua vida e pensa:
- Tudo que acontece na vida de ruim é porque outra coisa boa virá.
Por tudo que ela passou sofrimento, agonias, decepções com as pessoas, desentendimentos, calúnias foram aprendizados para fazê-la uma mulher mais compreendida sobre as coisas da vida e do que o ser humano é capaz de fazer para conseguir o que almeja.
Esther articula consigo mesma:
- Vivemos numa sociedade que temos de dissimular um comportamento e uma felicidade que não é autentica. Trago isso para o âmbito do trabalho: um local que para muitos, uma vida de dor, que vivem cotidianamente.
No seu quarto quase rosa se lembrou de um prólogo de Domenico De Mais, toda manhã, na África uma gazela desperta. Sabe que deverá correr mais depressa do que o leão ou será morta. Toda manhã, na áfrica, um leão desperta. Sabe que deverá correr mais do que a gazela ou morrerá de fome. Quando o sol surge, não importa se você é um leão ou uma gazela: é melhor que comece a correr.
Este apólogo traz a tona um ambiente de trabalho onde todos estão numa posição de violência e agressividade em desfavor dos menos favorecidos, os colaboradores e o quanto vivenciamos isso na atualidade. As organizações vivem-se num teatro de guerra. Dentre estas primeiras colocações vamos para a temática em questão. Trabalho: privilégio ou sacrifício.
Esther continua a refletir e questionar sobre a vida:
- O que leva o ser humano a ter um apoucamento e afastar de princípios, valores e convicções tão primordial a nossa vida social e, principalmente o nosso existencialismo? Como pode a massificação e frivolidade ser tão importante no nosso tempo do que pensar nos problemas e dilemas que afligem nossa cruel sociedade? O que estamos fazendo com nossa única vida e o que estamos deixando que façam com ela? Hoje só somos benquistos, quando damos alguma garantia, um retorno prático, mas quando este fica impossibilitado de repassar seus préstimos, simplesmente não serve mais para nada. Servimos apenas para o sistema econômico, desconhecendo na maioria das vezes o real sentimento das pessoas que estão a nossa volta. Somos tão irrelevantes, improdutivos, dispensáveis ate para nossos entes mais próximos.

Com todas as humilhações sofridas Esther não desiste de lutar. No meio de toda esta turbulência e sua vida. Surge uma oportunidade de trabalho em uma Instituição de ensino, no qual aproveita e consegue ser aprovada e chamada para trabalhar. Daí ela começa e tenta conciliar com na organização judicial, mas devido, a carga horária de trabalho, decide optar por um dos.
Ela sai na organização judicial lugar que entrou tão ingênua e sai com uma sabedoria e conhecimento imprescindível para sua jornada longínqua de vida terrena. Neste novo local ela conhece pessoas maravilhosas e continua aprender de tudo um pouco. Na organização judicial ela trabalhou por quase cinco anos de serviços prestados com muito esmero, no qual deixou pessoas do bem que a fizeram muito feliz e lhe trouxe muito significado na sua jornada rumo ao autoconhecimento sobre si, sobre o outro, sobre o futuro, que agora para ela era algo incerto, pois o passado que tanto lembrava, e que não queria desapegar estava deixando de iluminar seu presente e seu futuro. Ela seguia e queria alcançar algo que nem sabia o que era. O sistema social atual vive uma crise existencial, a desesperança do ser, o pessimismo, a falta de respostas, impotência e a fuga. Na verdade vivemos numa contradição constante que envolve relações humanas. Chegamos numa época em que o ser humano só é útil quando pode-se tirar algum proveito dele, se não for assim, passa ser desprezível e descartável. Os interesses pautam na conveniência.
Esther começa a estudar mais, especializar em Gestão de Pessoas e pesquisar mais sobre o mestrado em cultura e sociedade, pois depois de tudo que ela passou, queria entender melhor as nuances desta vida, por que as pessoas têm o prazer de fazer tanto mal ao outro. Ela começou a fazer uma radiografia do nosso tempo e do desaparecimento da nossa cultura, no qual estávamos vivenciando uma queda do mito do progresso, vivendo um colapso da ágora. Estamos no mundo para ensinar, aprender, sabemos tudo isso, uma gama de conhecimento, infelizmente não sabemos viver esta vida que nos foi dada para sermos felizes e fazermos os outros mais felizes ainda.
Certa noite Esther sonhando, vendo seus desejos sendo realizados. Com tudo que passou quando saiu do fórum e estava ganhando um pouco mais, resolveu sair do Jambeiro com sua mãe e irmão, forma provisoriamente morar de aluguel. Mesmo pagando ficaram muito felizes, pois estava numa casa confortável. Depois ela, acordou e percebeu que não era sonho e sim sua nova realidade. A nova casa era pequena, mas linda, com azulejo, rebocada, linda. Ela ficava pensando como o irmão queria ter uma casa bonita e confortável. A casa do jambeiro era bastante úmida, sem azulejo ou reboco. Quando Rosa separou do marido, ele disse que ela nunca teria uma casa bonita. Mas, ele não contava com o esforço de Esther e ambas juntas eram fortes e tinham um Deus do impossível, pois a fé remove montanha. E esta fé que faria renascer a esperança nos corações das pessoas nesta civilização do espetáculo, sem esta fé as pessoas não conseguiriam seguir em frente. Esther na época que trabalhava no fórum com suas economias, pois não era menina de gastar comprou um terreno, que só faltava construir.
Passado um tempo, elas resolveram construir sua casa própria. E dentro de três meses venceram a batalha. A casa pronta, linda como elas sonhavam.
                   Coração fechado

Esther continua seu caminho agora mais consciente e sábio sobre os encantos e desencantos da civilização contemporânea. Ela começa a ver o mundo com outro olha, um olhar mais crítico.
O colapso da ágora vem afirmar o que está no meu inconsciente e tento com envide esforço trazer para realidade e prática, que sem agora não existe espaço para o novo.
Faz três anos que estou reabrindo ao poucos meu coração para vida frutífera na construção de uma perspectiva diferente, mesmo assim o receio de abrir torna-se a fechá-lo novamente.
Entre minha realidade que ninguém nunca mais vai ver. Meu coração está fechado para muitas coisas, meus olhos estão mais abertos, bem como pensamentos mais racionais.
Nossa sociedade atual é um verdadeiro palco, nós somos este palco, no qual encenamos personagens, usando mascaras numa grande representação teatral constante.
O ser humano manifesta uma expressão que nem sente que está aos poucos desaparecendo em pleno potencial do existencialismo tanto almejado. Hoje para nossa sociedade está difícil reconhecer o outro com quem nos relacionamos como um legitimo outro, tendo em vista não sermos mais capazes de reconhecer-nos no outro individuo. Mas, isto é algo que sempre existiu e que está sendo externado na nossa sociedade metamórfica.
Estamos em busca de uma transcendência de unicidade e utilitarismo em que o individuo representa uma coisa descartável, sendo usada e requisitada somente quando precisar e o uso que se possa fazer dele. É triste sentir isto e escrever com tanto veemência, mas é o que nossa sociedade vem desenvolvendo e internalizado há séculos sem que tenha-se apercebido ou tomado ciência, até mesmo nem querendo saber, haja vista a voz e o som do capitalismo soar mais forte.
Toda esta situação nevrálgica aplica-se as relações que vem se mantendo nós e a junção com os demais membros da sociedade, principalmente o capitalismo. Este modifica tudo no ser humano, entretanto tem o lado bom e ruim, porém nós precisamos conciliar e mesclar os dois lados para uma melhor colocação no âmbito social.
O fator emocional das pessoas é algo tão intrínseco, imutável que os fatores externos estão conseguindo ultrapassar esta barreira, fazendo com que os indivíduos mantenham uma separação do altruísmo, bem como o desaparecimento da alteridade.
Escrevo este ensaio com os olhos cheios d’água, imaginar que o mundo, nós mesmos estamos reinventando um novo ser humano, onde no lugar do coração, existe uma maquina racional que só pensa em si. O que estamos fazendo com nossa vida e das pessoas a nossa volta? Nossa ambição é algo infinita e às vezes incontrolável.
Na nossa sociedade quase não há mais espaço para totalidade, pois o individualismo, a busca insana pelo status, da tão falada qualidade de vida, o capitalismo está degenerando, desequilibrando nossa sociedade. Portanto, o resgate do sentimentalismo de totalidade precisa-se vivenciá-la com urgência.  Acrescentamos aqui, que o capitalismo não é o satã de tudo, mas precisa-se utilizá-lo de forma consciente que possibilite um crescimento saudável da totalidade, onde possamos nortear nossas escolhas para colocar em nossos caminhos mais alegria, mas felicidade e mais paz.
Todos nós escolhemos livremente nossos caminhos. Pressionados pelas emoções, baseados em nossos sentimentos, envolvidos em nossas ilusões. Escolhemos ao preferir esta ou aquela oportunidade, ao fazer este ou aquele conceito, ao colocarmos em nossos próprios olhos as lentes com as quais preferimos enxergar a vida, as pessoas, as coisas.
Uma sociedade que vem ultrapassando todos os limites, nos quais a cultura está desaparecendo aos poucos ou se já não se perdeu. Uma vez que vive-se num sentimento cada vez mais de desamparo, onde as pessoas começaram a criar seus próprios mitos, estabelecendo assim, uma nova ordem social que está sufocando-nos. Todavia, novos mitos tecnológicos, que nos remetem a miopia e alienação com todas essas mudanças abruptas, vantagens fugazes, etc, pondo à prova os prováveis limites da estrutura da sociedade.
Defrontamo-nos com uma grande quantidade de novos problemas, espetáculos, situações aflitivas e dilemas que expõem as limitações das pessoas de novos processos e sistemas que aprisionam as pessoas que, utiliza de sua influência para manipular e persuadir os indivíduos para um espetáculo desconhecido. O individuo está vivendo numa completa ilusão desenfreada.
Os estilos de vida das pessoas apresentam tantas variáveis, é sem dúvida um grande desafio, pois todos os indivíduos são produtivos, todos têm capacidade, habilidades de aportar seus conhecimentos e experiências dentro das suas competências. A cada dia o papel do das pessoas, no âmbito profissional e pessoal não é de ser estável, é muito maior do que isso, pois está voltado para os anseios da necessidade e desejos, somos todos privilegiados e com uma responsabilidade muito grande. O individuo agente de reconfiguração da Sociedade.
A jornada de atividade desenvolvida no nosso cotidiano ao longo da vida é um percurso tão complexo, que se tornou, com o trajeto dos tempos, onde as pessoas começaram ou sempre tiveram um comportamento inconstante, carregadas de peculiaridades.
A vida é feitas de simples momentos e na nova era que estamos vivenciando estamos deixando para depois muitas coisas que são relevantes para nossa essência de ser humano. Todavia, o galgar patamares diversificados sobressai em quase tudo em nossa jornada de querer sempre mais e nunca estarmos satisfeitos com o que acabamos de conquistar.
Esther começa a refletir sua vida e das pessoas ao longo de nosso trajeto de pessoas infinitas, no que concerne sua vida profissional e carreira trazemos algumas reflexões para que possamos entender o que de fato a idiossincrasias fazem com nossas vidas nesta nova era: O que é que estou fazendo com minha única vida? O que é que eu estou deixando que os outros façam da minha vida? Por que eu não consigo abrir mão daquilo que me faz sofrer? O que é que eu estou fazendo com a única vida das pessoas que possam pela minha única vida? Será que existe vida antes da morte? (Antonio Jóse Saja, 2014, aula de Pós-Graduação em Gestão de Pessoas). A partir dessas reflexões foi que Esther foi pensar mais profundo sua essência como ser humano, se colocando no lugar do outro. E como estar difícil na atualidade praticar esta última.
O individuo está lutando tanto por sua independência financeira, bem como por qualidade de vida, todos estes sacrifícios de conquista, sonhos, as pessoas estão perdendo sua identidade, sua essência de ser. Valendo-se apena de coisas materiais, de desejos superficiais, para cunhar uma sociedade elitista.
Habitamos numa sociedade em que tudo está se reconfigurando, se tornando instável, novo e imediato. Uma sociedade do excesso que nos ultrapassa e nos ameaça de uma obsolescência total. Uma sociedade que acredita na representação das imagens. Uma alienação das inconsciências das mudanças, sendo explorado pela mídia e meios de comunicações que não fazem o que de fato é tarefa deles.
Somos uma civilização em que as imagens valem mais, a subjetividade já não diz mais, o partadamento dos pensamentos e do coletivo. Somos meramente identificados como simples imagens, interferindo no nosso ser.
Na sociedade hiper-rmoderna a tecnologia do futuro das pessoas estão em risco. Neste sentido o espetáculo que vivemos está levando à degradação da cultura e do espírito com a coisificação das pessoas, tornando a sociedade um ser industrial descartável, onde todos têm o seu preço e valor.
A minação de valores, o surgimento da banalização e a frivolidade que está desarmando moralmente a cultura já descrente, a superficialidade, a ignorância, a bisbilhotice e até o mau gosto das coisas.
A constituição dos entraves de uma sociedade que não sabe aproveitar sua liberdade à democracia. Um exemplo é o uso do véu das meninas muçulmanas nas escolas, onde o governo proibiu tal ato. Observa-se que tal ação aconteceu em um país que iniciou o rito a liberdade de expressão para impor tal situação. Percebe-se o que está faltando entre as culturas é o respeito e tolerância da liberdade entre os povos, nações, mas o presenciamos é o contrário é uma ablação cultural sobre os costumes e crenças religiosas, dando lugar a preconceito, estigmas e diversos conflitos sociais que impactam na vida de toda uma sociedade.
Vivemos, portanto, num tempo em que o passado deixou de iluminar o futuro. O grande desafio agora é substituir as idéias de mau gosto e defasada desta sociedade que nos guiou até aqui por um novo repertório que nos conduza a uma nova filosofia, desencantar esta sociedade está matando nossa cultura.
Como certeza este será nosso futuro, se porventura não pensemos no que estamos fazendo de nós, nossa vida e a vida do outro.
No ônibus para o trabalho Esther ouve uma pessoa conversando com a cobradora.
- Vivemos numa sociedade completamente globalizada, muito diferente das sociedades precedentes que viviam somente de caça, criação, agricultura etc. estamos numa situação que é muito difícil identificar o futuro e, principalmente quem realmente somos, simplesmente limitarmos em quem não somos mais.

                   Coração reabrindo

Esther vai crescendo profissionalmente, deixando um pouco o passado para trás, trilhando para chegar ao novo patamar: o Mestrado em sociedade e cultura. Neste novo trabalho ela tem a possibilidade de realização. Ela, Rosa, sua mãe e irmãzinha vivem felizes, mesmo com as adversidades da vida. A irmã agora com 4 anos de idade, na escola.
Tem momentos que Esther se lembra de Sarapui, suas raízes para não esquecer jamais donde veio. Desde que o irmão faleceu elas nunca mais foram lá. Esther agora mais madura, de poucos amigos, devido ao receio da decepção de muitos preferiu se afastar. Além do mais, ser uma pessoa que se entrega por completo, acabando se machucando demais. Às vezes ela sai para relaxar um pouco na praia ou na fazenda de algumas colegas, nas quais ela gosta de nomear colega, por considerar a palavra amiga muito forte e serena. Ela vai a fazenda para por os pés no chão, sentir a terra sobre sua pele. O contato da natureza, subir nas arvore a faz lembrar-se da sua humilde e feliz vida em Sarapui, aquele povoado que trazem suas origens, com lindas cachoeiras, suas estradas, casas simples. A escola onde fora alfabetizada com seus desenhos ainda nas paredes. A casa de sua madrinha ainda lá, como ela a deixou. Alguns casarões antigos, da época da escravidão. Ao escrever estes pequenos versos Esther sente o cheiro e ruído das folhas e animais nos matos. A lembrança de puder andar sozinha pelo caminho da zona rural sem medo de algum fato, com as sandálias de lama passando por uma lagoa, subindo uma ladeira rodeada de folhagem e flores até chegar e avistar nossa casinha floral, meus irmãos brincando de amarelinha. A mãe rosa no fogão a lenha fazendo um bolo de aipim. O padrasto chegando em casa de trator, o cachorro Bruke latindo de felicidade.
Esther chega e dar aquele beijo carinhoso em sua mãe. Vai para o banheiro todo limpinho e cheiroso, toma banho com a esponja de tabaco, sai e vai para o quarto e veste seu vestido preferido floral. Agora na sala assistindo o desenho da Caverna do dragão.
Que essência boa, sentir a vida dessa maneira. Vivemos hoje momentos tão corridos, deixando de viver as coisas simples. A vida é bela para quem sabe sonhar. O coração de Esther abeto e fechado representa o que ela é hoje, do início ao fim, mas que aos poucos ele vem se reabrindo para um mundo que se tornará melhor
Hoje ela sente mais forte, mas com a certeza que nada sabe do presente ou do futuro, o que sabe é entre ser ou não ser, ela é aquela menina da casinha da zona rural que vivia com sua mãe e seus irmãos naquele pedaço de chão, vivendo uma vida simples, humildes, sem precisar pisar, humilhar ninguém e nem coisificar, descartar o outro ou utilizar determinadas maledicências para prejudicar qualquer ser como fazem as pessoas desta civilização.
Naquele ranchinho vivia eu, minha mãe e meus irmãos contando estrelas sonhando em tê-las na palma da mãe.
O ser humano é capaz de fazer qualquer coisa que almeja. Só precisa de fé, humildade e ser você mesma. Não mude sua vida, seu modo de ser, por causa dos outros. Sei que estamos vivenciando dias difíceis de estremas mudanças, mas precisamos nos ater a nossa essência imutável. Mude somente para se automelhorar, mas não em prol do outro. Nossos anseios são infinitos, porém precisamos manter o equilíbrio para não acabarmos num precipício sem retorno, devidos as antigas e novas idiossincrasias comportamentais da civilização do espetáculo.
Esther com seus pensamentos freqüentes tenta saborear a vida, reencantar-se pelas coisas simples que fazem a magia do seu coração renascer no infinito de seus inocentes pensamentos.

Ouvindo novamente sua música que fazia lhe retornar ao passado, pensando na sua casinha em Sarapui, onde vivia com sua mãe seus irmãos e padrasto, no qual eram felizes. Viviam sem preocupação, o amanhã só pertencia a Deus. Momentos que ela sonhava em ter um futuro brilhante, contudo não sabia dos privilégios e sacrifícios para chegar-se onde almejava.
Hoje Esther acordou um pouco chorosa e angustiada. Estava passando por uma fase de provações em sua vida profissional. Ela sonhava em dar do bom e do melhor a mãe e irmã pequena, na qual cuidava como se fosse filha. Esther ultimamente estava sentindo sozinha, mesmo que tivesse sua mãe como melhor amiga um bom trabalho, queria alcançar algo mais. Era uma menina de pouco amigos, se enturmava mais com o trabalho propriamente dito do que com o lado emocional da questão, o lazer. Depois de tudo que passou na fase infinita do seu aprendizado comportamental do ser humano, tinha muito medo de decepcionar, sofrer novamente, mesmo que as lembranças continuam a vagar em sua humilde mente.
Ela pensa consigo:
- O que estou fazendo com minha vida e a vida das pessoas a minha volta?
Nossa sociedade atual é um verdadeiro palco, nós somos este palco, no qual encenamos personagens, usando mascaras numa grande representação teatral constante.
O ser humano manifesta uma expressão que nem sente que está aos poucos desaparecendo em pleno potencial do existencialismo tanto almejado. Hoje para nossa sociedade está difícil reconhecer o outro com quem nos relacionamos como um legitimo outro, tendo em vista não sermos mais capazes de reconhecer-nos no outro individuo. Mas, isto é algo que sempre existiu e que está sendo externado na nossa sociedade metamórfica.
Estamos em busca de uma transcendência de unicidade e utilitarismo em que o individuo representa uma coisa descartável, sendo usada e requisitada somente quando precisar e o uso que se possa fazer dele. É triste sentir isto e escrever com tanto veemência, mas é o que nossa sociedade vem desenvolvendo e internalizado há séculos sem que tenha-se apercebido ou tomado ciência, até mesmo nem querendo saber, haja vista a voz e o som do capitalismo soar mais forte.
Toda esta situação nevrálgica aplica-se as relações que vem se mantendo nós e a junção com os demais membros da sociedade, principalmente o capitalismo. Este modifica tudo no ser humano, entretanto tem o lado bom e ruim, porém nós precisamos conciliar e mesclar os dois lados para uma melhor colocação no âmbito social.
O fator emocional das pessoas é algo tão intrínseco, imutável que os fatores externos estão conseguindo ultrapassar esta barreira, fazendo com que os indivíduos mantenham uma separação do altruísmo, bem como o desaparecimento da alteridade.
Esther pensa consigo com os olhos cheios d’água, imaginar que o mundo, nós mesmos estamos reinventando um novo ser humano, onde no lugar do coração, existe uma maquina racional que só pensa em si. O que estamos fazendo com nossa vida e das pessoas a nossa volta? Nossa ambição é algo infinita e às vezes incontrolável.
Na nossa sociedade quase não há mais espaço para totalidade, pois o individualismo, a busca insana pelo status, da tão falada qualidade de vida, o capitalismo está degenerando, desequilibrando nossa sociedade. Portanto, o resgate do sentimentalismo de totalidade precisa-se vivenciá-la com urgência.  Acrescentamos aqui, que o capitalismo não é o satã de tudo, mas precisa-se utilizá-lo de forma consciente que possibilite um crescimento saudável da totalidade, onde possamos nortear nossas escolhas para colocar em nossos caminhos mais alegria, mas felicidade e mais paz.
Todos nós escolhemos livremente nossos caminhos. Pressionados pelas emoções, baseados em nossos sentimentos, envolvidos em nossas ilusões. Escolhemos ao preferir esta ou aquela oportunidade, ao fazer este ou aquele conceito, ao colocarmos em nossos próprios olhos as lentes com as quais preferimos enxergar a vida, as pessoas, as coisas.
Esther continua seus pensamentos mais profundos, querendo resgatar sua ágora, no qual está sentindo um colapso em sua vida.
Sociedade industrial descartável criando pessoas egocêntricas, individualistas e egoístas. Mas, será que este tipo de individuo não está vivendo numa práxis de emoções no galgar patamares inacessíveis e que isto cria estímulos cada vez maiores na sua razão de existencialismo, desenvolvendo assim, uma personalidade individualista e muitas vezes tendo um lado egoísta?
O individuo vive uma vida de escolhas, que traduz a sua própria responsabilidade e conseqüências. O ser humano é um ser em constante transformação, que o leva ao autoconhecimento, auto-aceitação e auto-respeito. É uma transformação que gira em torno de um ciclo de reinventar-se algo para manter-se renovando sempre.
O individualismo é característica marcante na sociedade atual, na qual as pessoas estão vivendo mais no seu trabalho, no seu projeto de vida do que consigo próprio ou no outro. As mães estão trabalhando mais fora de casa, com os filhos estão vindo desde cedo utilizando a tecnologia, isolando de certa forma do mundo, trancando-se mais dentro do seu espaço, uma vez que as ruas não são mais o playground do passado presente. Isto tudo por causa do progresso tecnológico. Contudo, o individualismo para alguns estudiosos considera-se algo positivo, pelo fato das pessoas consegue articular e desenvolver seus alinhamentos de convivencialidade individualmente.
O individualismo utilizado de forma consciente é bastante promissor, mas quando alinhado ao ser egoísta, este pode causar um abalo sísmico. O comportamento ou modo de ser do individualismo está ocasionando múltiplos fatores nas pessoas, isto está esquizofrenizando nosso ser, as pessoas. Estamos incessantemente em busca de algo, mas o quê?
Esse individualismo acarreta vários sentimentos de insegurança, vazio e ansiedade que pode vislumbrar através do aumento das doenças da contemporaneidade. Dentre tudo isto existe o ser egoísta, um ser prepotente, vil, que não é nem fraco e nem esperto, mas que precisa se encostar-se ao outro como parasita para crescer na vida. Pessoas hipócritas que unidas ao individualista aí sim, pode gerar uma erupção vulcânica irrefundável nas pessoas que lhes são próximas.
Usamos qualquer coisa, estimulo externo para afastar de nós mesmos. Saciamos nosso ego, coisificando as pessoas. Perdendo nosso foco e nos tornando ocos por dentro, restando somente uma película externa, pois já abandonamos coisas simples por gratificação ilusória, insignificante para nossa existência nesse mundo modificável.
Estamos numa sociedade individualista engessada pelo desejo de conquista sobre qualquer circunstancia e egoístas a ponto de deixarmos de lado nosso traço marcante que é nosso caráter. Isto na atual realidade já não vale de nada.
O mundo tecnológico em constantes mudanças, onde as pessoas estão cada vez mais egoístas e individualistas. Todavia, esse é o preço da globalização, bem como, a competição e concorrências do mercado tecnológico.
Insta salientar aqui que, o individualismo não se refere precisamente ao indivíduo egoísta, pois trata-se de um processo de amadurecimento, onde o individuo começa a desenvolver-se por si mesmo. Todavia, isto gera sofrimento, incertezas, sentimento de culpa, afinal lidar com determinadas situações exigem certo grau de maturidade.
Sendo assim, não temos escapatória: no atual contexto cada indivíduo tem a indubitável missão de aprender seu modo próprio de ser e contribuir com o mundo a partir de sua singularidade, não deixando mudar o seu humano.
Fico imaginando como pensaria Frank Kafka na nossa sociedade contemporânea, globalizada, hiper-moderna que nega-se a própria existência de vida em prol de um status imaginário. Nossa cultura hoje é entretenimento e se afasta da reflexão consciente.
Essa afetação do século XXI influência a todos a sua volta, fazendo com que as pessoas coloquem seu próprio prazer pessoal acima da miséria daqueles menos favorecidos que precisam de nossa ajuda. É um caos social, o que fazer para mudar essas coisas que nos fazem tanto mal. Como consertar nossos erros sobre os demais?Como acabar com esse obscurantismo trapaceiro que coexistem em nossa sociedade?
É muito relativo descrever algo sobre o trabalho, pois haverá diversos contextos direcionados. Segundo E. Rich Fromm, o nosso perigo é de sermos transformados em robôs. Todavia, isto já está acontecendo. A sociedade do espetáculo está fazendo isto e estamos deixando que façam isso conosco. Nosso trabalho é visto como algo tolerado, um sacrifício necessário para conquista de sonhos e o senso disseminou para o alcance de metas e objetivos o ser humano precisa sofrer e passar por diversas tubulações para atingi-las.
Nos tempos atuais vive-se uma existência de guerras e conflitos de diversas formas, seja religiosa por ablação, entre nações, demonstrando um excesso de materialidade. As pessoas trilham tanto por uma boa qualidade de vida, por sobrevivência e uma postura da vida em sociedade que esquece-se princípios básicos como singularidade e respeito mútuo. Possamos dizer: um compromisso com nossa simples vida. Mas será que as pessoas de certa forma estão trilhando em busca disso? É um questionamento que nos tempos atuais torna-se difícil uma resposta plausível.
Maioria dos profissionais queixa-se de que não consegue o tão sonhado equilíbrio entre as diversas dimensões das suas vidas, seja profissional, financeira, social e pessoal. São vários fatores conjunturais que interferem na segmentação de vida dos indivíduos.
Além do grau infelicidade e frustração é enorme em patamares diversos da vida humana. Na vida profissional: desavenças, ausência de reconhecimento, problema de comunicação, conflitos de valores, sobrecarga, mau gerenciamento das propriedades e do tempo
No momento em que o mundo dá vários sinais de doenças originaram de ângulos diversos; ao estressante a depressão, fazendo com as organizações enfrentam tamanha crise de valores e infelicidades generalizadas nessa nova relação de trabalho, pouco adianta melhorar as regras que já foram concedidas numa atmosfera que finge não ver as verdades, simulando um mundo artificial de pessoas manipuláveis com único objetivo em mente: crescimento profissional e status.
Nossa sociedade encontra-se literalmente perdida como um barco a deriva, seja pela falta de segurança, a violência que está se tornando excessiva, desamor desencadeado, falta de fé e princípios e valores, nos quais estes já não existem mais. O mundo vive numa situação caótica, que desperta medo, insegurança e destruição diante dos fatos e a falta de perspectiva que assola nas pessoas perante a vida e o futuro.
Pode-se afirmar aqui que estamos vivendo sob os auspícios e domínio da tecnologia, isto acontece em que todos começam acreditarem e a confiarem nisso como se confia numa divindade, impactando assim, na sua vida e sua essência.
Eeste pequeno relato que assemelha a muitas pessoas que passam por isso todos os dias de suas vidas. O deserto que atravessei ninguém viu passar. A solidão de Esther é algo secular. Ela tenta aos poucos reabrir seu coração, agora mais ponderada e moderada.
“Naquela casinha eu era menina
Meu mundo gigante, um pedaço de chão
Naquele ranchinho que era o nosso ninho
Vivia eu, minha mãe, meus irmãos
Contando estrelas, sonhava em tê-las na palma da mão”.
(Paula Fernandes e Almir Sater)


Com sua luta árdua, Esther persiste nos seus almejados sonhos. Ultimamente ela sente um vazio na sua alma, como estivesse estagnada. Ela vem passando por inúmeras provações para driblar os percalços desta humilde vida. Ela vem observando como sempre, ao seu redor, as pessoas com que convivem em relação de trabalho, percebendo o quanto a vida que as pessoas fingem viver é uma completa encenação, como uma verdadeiro palco de artistas fantasiando uma realidade que está sugando suas forças e as pessoas fingem não ver ou não querem realmente enxergar o que está acontecendo nesta civilização hipócrita.
Certo dia Esther acorda, abre a janela do seu quarto, afasta as cortinas e vê os dramas, as lutas, os conflitos e a procura incessante da verdadeira essência do ser humano. Pensa nas pessoas que sonham tanto, anseiam e trabalham para encontrar um lugar ao sol. Muitas nascem, envelhecem e morrem sem chegar ao posto desejado. Alguns não sabem sequer de onde vem ou para onde vão. Outros, depois de caminhar entre espinhos, finalmente acham o sentido da existência. Ainda prostada na janela, Esther se esquiva e retorna a cama e olhando seu quarto, chora em silencio, sem saber a razão. Na instituição onde trabalha, um dia, na hora do intervalo para o lanche, uma colega se aprocima e lhe disse:
-Eu acho que você não é feliz Esther?
Esther contesta.
-Feliz? Como assim, feliz?
-Feliz. Você é feliz?
-Sei lá. Responde Esther pensativa naquela simples palavra. Depois contesta novamente.
-Afinal, alguém é feliz nesta vida.
-Muita gente, Esther. Você precisa conhecer três coisas básicas que não te faz feliz.
- Quais são elas? Articulou Esther um pouco curiosa.
- Estou feliz naquilo que não consigo fazer. Cercar-se de pessoas que realmente deseja estar. Seguir sempre em frente sem olhar para trás. Você precisa entender que felicidade é algo momentâneo e que vem do interior, que depende de você ser feliz ou não.
- Tem momentos que não sei o que fazer. Tenho tudo, mas tem momentos que me sinto tão triste, Laura. Articula Esther para amiga.
- Sabe, Esther, todo ser humano tem problemas. A diferença é atitude com a qual os encaramos. Isto depende da certeza que nunca estamos sós. Temos um percurso maravilhoso. Ninguém veio ao mundo para sofrer. Cada indivíduo tem já traçado em sua vida um plano e a felicidade consiste em descobri-la.
Esther acordou com os pássaros, refletindo aquelas belas palavras da amiga. O sol acabava de sair, contudo, ninguém percebia seu brilho. O novo dia chegou envolto em nuvens densas. Chovia pouco. Aquela chuva com sol. Coisa linda de se ver. Todavia, isso não impedia que Esther se levantasse cedo e arrumasse para ir trabalhar. Aquele era um dia frio de setembro, as folhas caiam preguiçosamente. Tudo parecia aparentemente bem. Nada faltava em casa. Então, porquê aquela tristeza impregnada na essência de seu ser? Por que a insônia a incomodava tanto a noite?
Naquela manhã na sua sala da empresa onde trabalhava, abriu a porta. Sonia, a faxineira, caminhava pelo corredor com uma bandeja, sorrindo e cantarolando uma canção Esther ficou ali admirando-a em silencio. Não disse nada. Adentrou na sala sem ser percebida. Há muito tempo que a melodia e o ritmo tinham abandonado as salas de sua alma e voado para algum lugar distante. Esther deixou de pensar sobre a zona rural, lugar que estava fincado suas raízes. Depois, que tudo passou em sua vida, morte do seu irmão, separação dos pais, as injustiças e falsidade da vida. Onde as pessoas só se aproximavam dela quando precisava de algo. Recentemente ela percebera que não estava vivendo uma vida antes da morte. Ela estava deixando que o sistema controlasse sua vida. E naquela manhã através da faxineira percebera que nós que complicamos o andamento de nossas vidas.
Esther sentia que precisava mudar sua jornada. A vida é curta e, com freqüência, vem acompanhada de agruras e dificuldades. Agora, o coração estava cheio de vida. Ela estava decidida a buscar a única esperança real que existe.
Naquele dia morno e harmonioso de outubro, Esther passeava pelo jardim da cidade de Valença, feliz, pensando que desfrutava o melhor de sua saúde espiritual. Ela começou a pensar no que queria fazer com a vida. Daí pensou em um verso que uma vez ouviu do documentário da rede Canção Nova que falava exatamente disse que Esther estava passando, sobre felicidade:
Que a felicidade não dependa do tempo, nem da paisagem, nem da sorte, nem do dinheiro. Que ela possa vir com toda simplicidade, de dentro para fora, de cada um para todos. Que as pessoas saibam falar, calar, e acima de tudo ouvir. Que tenham amor ou então sintam falta de não tê-lo. Que tenham ideais e medo de perdê-lo. Que amem ao próximo e respeitem sua dor. Para que tenhamos certeza de que: “Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade”. Carlos Drummond de Andrade
Uma jovem ambiciosa em querer vencer na humilde vida terrena, com vários sonhos pensava que não daria tempo realizá-los teve momentos de desespero, de pensar em desistir e jogar tudo por ar. Tudo que havia conquistado até o presente momento. Esther ver tanta coisa acontecer, às vezes sente-se incapaz de fazer coisas que deseja fazer. Os contratempos, obstáculos dão força para ela não desistir jamais, mas chega um momento que o fardo é tão angustiante. Ela sabe que a esperança depende da perseverança de seguir em frente sempre. Na vida é feita de degraus, momentos bons e ruins, este ultimo tende a nos desanimar, mas mesmo com este requisito devemos superar e torná-lo um degrau de aprendizado e utilizá-lo a nosso favor.
Sentada no sofá de sua casa, Esther chora e clama a Deus por um milagre, ela almeja paz espiritual, ser feliz por completo. Esther uma menina positiva que para sociedade transmite um ser que não tem problemas interiores. É uma pessoa forte, mas ninguém imagina que é uma menina que está passando por diversos conflitos internos, nos quais ela deve supra-los e focar na sua meta, que é ser feliz, simplesmente feliz.
Esther, uma garota que sempre focou nos estudos e no lado profissional, que passou por diversos desafios para chegar onde está hoje, estar sofrendo internamente com coisas que nem ela mesma sabe explicar. Uma menina que é o espelho e a força da mãe. Ela tenta não transmitir nada para ela, pois sabe que sua mãe não é forte o suficiente para entender e sustentar este episódio psicoemocional de Esther. A mãe considera uma moça bonita, forte, positiva que não deixaria ninguém ou algo lhe abater. Com certeza isso é verdade. Mas, Esther é ser humano, que chora, sofre por tantas coisas que vem ocorrendo no mundo, como as pessoas estão se portando uma com as outras. Por ser uma menina sensível, verdadeira com seus ideais, ela sente frustrada e sensibilizada por determinados acontecimento que a civilização do espetáculo está fazendo consigo mesma, tratando as pessoas como seres descartáveis, coisificando e materializando o indivíduo. Essa civilização que se apodera de nós, sugando-nos, mutilando-nos, acarretando em muitas pessoas uma solidão intransponível. O egoísmo, a frivolidade, as injustiças e falsidade trazem para as mentes dos “inocentes” um sentimento de recolhimento e afastamento deste meio, que fizera tão mal. E assim, que Esther está sentindo, depois do que tanto passou, que a fez chorar e que ela não consegue esquecer àquelas palavras lançadas contra ela, sem nenhum fundo de verdade. Ela teve que suportar calada, com uma dor enorme fincada em seu coração. Isso que fez com ela fechasse seu coração para o mundo. Ela estar passando por um momento de solidão, no qual ela preferiu se recolher daquelas pessoas para não sofrer. Contudo, por um sentimento psicoemocional que ela precisa se reencantar e reencontrar novamente pelo real sentido da vida, que é ser feliz.
Sabemos que infelizmente, nossa sociedade hipócrita e descartável existe pessoas egoístas que vê os outros e outras que não vê aos outros. As pessoas precisam ser sólidas na fé, e principalmente transparente no seu caráter.

Domingo de novembro, lindo por do sol, com uma leve brisa, batendo no meu rosto, fazendo balançar meus cabelos. Meu vestido floral faz-me senti uma menina, aquela menina do distrito de Sarapui, que vivia naquele mundo sem maldade, na sua ingênua inocência de ser. Observo todos os detalhes daquele domingo, parecendo um dia único, com esplendor. De longe ouço minha avó me chamar para tomar café. Meu avô estava cuidado dos poucos gados e tirando leite. Os pássaros sobrevoando tranquilamente no seu habitat ainda seu. Os cachorros latindo vendo as pessoas passando em frente a casa para trabalharem em suas roças. Minha avó agora pondo comida para as galinhas e cantarolando suas cantigas de rodas. La estava eu ainda aproveitando aquele momento sem preocupação ou pensar em nada. Somente naquele belo bosque floral, com um cheiro natural sem nenhuma invasão ou devastação da mão humana. Ali não havia falsidade ou injustiça. Era meu espaço, meu pedaçinho de chão que aproveitava como fosse único junto com meus estimados avòs. Avós que ainda viviam como seus antepassados, com seus ensinamentos sábios. Fico aqui pensando se o mundo, as pessoas desacelerassem um pouco para viver os verdadeiros encantamentos desta vida. Com a certeza seria melhor sua tão almejada qualidade de vida. Os indivíduos lutam todos os dias de suas vidas no trabalho para galgar patamares diversificados da sua auto-realização, mesmo assim, não estão satisfeitos. Sacrificam suas vidas por algo que no final vão chegar e dizer:
- O que vivi desta vida? O que deixei que fizessem comigo?
Neste momento de bel prazer adentro na casa de minha avó para tomar café. Uma mesa recheada de coisas do campo deliciosa. Sento-me e fico ali apreciando aquela obra de arte. E fico imaginando quanto pessoas no mundo não têm o que comer naquele momento, sem um pedaço de chão para fazer seu plantio e recolher dele o seu sustento. Crianças sendo oprimida, violentada, uma população sangrenta que só vive um abismo do capitalismo desenfreado. Pensando somente nos seus ideais, esquecendo ou fingindo que não existe ou outro. O indivíduo está perdendo a noção de tudo. Estamos vivenciando um verdadeiro colapso da ágóra, o colapso psicoemocional, relacional, humanismo. A essência humana que era algo considerada incorruptível, agora percebe-se o quanto instável é o ser humano, se deixando levar pelos acontecimentos da nova era. Chegando ao ponto de matar uns aos outros por seus próprios interesses individuais, egoístas e fúteis.
Pensando em tudo isso Esther abre os olhos e percebe que sua avó a olha alegremente. Depois, de tomar café, Esther se levanta e vai até o pasto, onde o gado estar e ali fica observando-os. Mesmo com as amarguras que passara na sua vida, por acreditar tanto nas pessoas Esther, mesmo sem saber, tem dentro de si aquela menina inocente com o coração aberto, mas que agora está oscilante, ou seja, tentando reabrir-se para o mundo novamente. Mesmo com que s circunstancias que tenha a forçado fechado seu coação para conseguir driblar os obstáculos desta vida. Esther percebeu que estamos no tempo da coisificação e descartabilidade, que só sobrevive os fortes.
Esther na roça de seus avós, no qual decidira ir no momento em que estava precisando relaxar e tanto se encontrar, foi aí que no determinado acordou, falou com sua mãe e decidiu passar o final de semana respirando outro ar, relembrando seu pedaço de chão em Sarapui. Os avôs de Esther viviam para lá do distrito de Sarapui, no povoado do Rio Vermelho, um local pouco movimentado ainda com matos, um verde incalculável. Naquele paraíso Esther retomou seus momentos de menina, sem medo de errar, voltou a ser criança de novo.
Esther sabia que para viver naquela vida precisava avançar e que o avançar era aprendizado constante, que tudo que passara fora provações, nos quais adquiria através deles sabedoria. O indivíduo, desde o seu surgimento, teme ao desconhecido. Com a vida Esther está aprendendo e observando que para muitas pessoas é mais cômodo navegar perto da praia, passear nos suaves bosques. Todavia, com tudo isso Esther acredita que a aprendizagem seja uma experiência difícil e dolorosa. Mas que com toda a dor de suas conquistas, prefere realizar seus sonhos com seus próprios méritos, mesmo que o caminho seja mais penoso. Para conseguir alcançar seus objetivos ela tem que ser forte, mas um forte que não precise passar por cima de ninguém, maltratar ou humilhar nenhuma pessoa como no princípio fizeram com Esther. Respirando com os olhos ainda fechados e segundo os abrem alegremente e vê um ponto colorido no céu. Uma jandaia, um pássaro muito raro de se encontrar na atualidade, devido à grande extinção. O pássaro pousa numa árvore, assobiando e chega mais. Esther aproveita para fotografá-los. Esther deixa o celular de lado, tira as sandálias e coloca seus pés em contato a mãe terra. Ela fica ali mexendo seus dedos na terra, se abaixa e deita no chão, fica olhando o céu azulado, entre os galhos de árvores a luz do dia radiante e entrando pelas flechas da floresta. Por alguns instantes viveu um momento de esquecimento total. Para ela só existia a natureza. Ela era a princesa daquele lindo bosque, rodeada de rosas vermelhas e brancas e o som dos pássaros. Fechou os olhos e afastou de si determinados pensamentos e voltou à magia que brotava no seu coração. Ali ficou ouvindo o som dos pássaros e da queda d’água numa cachoeira próximo donde estava. Esther adorava ficar sozinha, como toda sua vida era de poucos amigos, pois tinha muito receio, onde quase sempre se decepcionava com as pessoas. Ela se entregava muito fácil numa amizade, por esta que preferia ficar sozinha e se afastar das pessoas que lhe usuram e lhe fizeram sofrer tanto, levando num momento de depressão e até pensar num suicídio. Contudo, com sua imensa fé e apoio da sua mãe conseguiu encontrar o real sentido da vida, a única esperança para a humanidade, mesmo para aqueles que não crêem. Porém, Esther não conseguiu entender como alguém conseguia viver sem aquela esperança que dava vapor e esperança de seguir em frente. Este alguém que nasceu entre nós, conhece e conheceu nossas agonias, que foi posto a prova várias vezes e no final morreu numa dor incalculável por nós. A única esperança da humanidade é seguir Jesus.
Esther ainda deitada naquele chão com cheiro agradável pensava em alguma situação. Antes que este pensamento viesse Esther se levanta e vai até uma mangueira, próxima e decide subir e colher algumas mangas. Lá de cima ela a vista o pequeno sítio dos avôs e a linda cachoeira cercada de rosas brancas e vermelhas. Uma água límpida. Esther cole as mangas e desce, vai até a cachoeira. Chegando lá, se senta numa pedra com seus pés dentro d’água saboreando a manga, parecendo uma criança. Ela vê alguns peixes, camarões. Água transparente, azulada. Esther resolve dar um mergulhe aproveitando que não havia ninguém, ela despiu toda e caiu na água como só existisse ela e natureza. Não sabia nadar, mas a cachoeira era rasa, começara a flutuar sob água, depois jogava água para cima para os lados. Rodopiava alegremente.
Chega o domingo à tarde, Esther se organizando para retornar para sua vida real. Abraça seus avôs. No seu carro branco segue rumo à urbanidade. Fora um final de semana esplendoroso, ela conseguiu ter uma renovação do espírito. Tentar viver mais e preocupar-se menos.
Esther no seu carro ruma à Valença, pensa no dia que comprara seu carro. Um dia mágico, que acordara bem cedo, beijou sua mãe e irmã e disse:
-Mãe acorda hoje é o dia. O dia de comprar nosso carrinho.
A mãe levantou-se da cama. Abraçou a filha bem forte e disse.
-Você é uma guerreira minha filha. E vai alcançar tudo que almeja nesta. Hoje você já tem sua casa, vai comprar seu carro sonhado e no futuro próximo vai realizar seu novo sonho, pois é assim que é o ser humano. Finalizo um sonho e recomeça outro.
Neste momento Esther se lembra de uma palestra que deu sobre Desejo e Necessidades do ser humano. No mundo tecnológico atual os conceitos de desejo e necessidades são alguns casos expostos pela sociedade de forma desarmônica que na maioria das vezes são interpretadas como uma satisfação mascarada. Um desejo alcançado por uma representação social estabelecida a partir de uma generalidade que, é oferecida as pessoas como um fluxo ininterrupto de opções.
No meio da palestra ela questiona aos participantes qual o conceito de Desejo e Necessidade. É um conceito bastante complexo, uma vez que para alguns desejos significa aspiração ou anseio por algo e necessidade vem a ser aquilo que é preciso, necessário e não podemos passar sem.
Esther começa a ir mais afundo em seus pensamentos conceituais sobre desejo e necessidade e articula:
- A busca pelo desejo e a necessidade tornou-se algo crucial atualmente. A necessidade podemos sim afirmar que desde a antiguidade é algo comum a todas as pessoas, pois é um requisito que não pode-se viver sem. Agora a tornar o desejo em algo  que o ser humano fica a ponto de alienação por não puder ter naquele dito momento. É uma questão que leva-nos a certos questionamentos que ouvi numa aula e achei muito inquietante e ideal para nossa era: o que é que estou deixando que façam com minha única vida? Por que será que não consigo abrir mão daquilo que me faz sofrer?
Começa a se auto-interrogar:
-Com os avanços da tecnologia e do mundo vivemos num existencialismo, no qual estamos constantemente nos perguntando e interrogando como chegamos a este ponto que nos leva à um mundo duvidoso e incerto?
Esther analisa a vida cotidiana das pessoas percebe-se o quanto nossa sociedade nos monopolizamos e nos deixamos ser. A sociedade exige de nós sacrifícios pulsionais, na busca de algo que conquistamos mais depois queremos outra coisa que apareceu com características similares, porém com uma tecnologia mais avançada ou uma simples modificação num painel de um carro e corremos para trocá-lo, causando-nos assim um mal-estar que não conseguimos decifrar.
A concepção principal concentra-se num projeto que perpassa o dito significado e vem sendo difundido desde a antiguidade e demonstrada na contemporaneidade como mera especulação ilusória. Estamos vivendo de uma ilusão sobremaneira e não sabemos lidar com tal situação.
A permissividade da sociedade é algo crescente e incontrolável no momento atual que estamos inseridos, com os crescentes desapegos nas relações diversas, como por exemplo, nos relacionamentos interpessoais, individualismo exagerado que o ser humano está fazendo pensando no seu bem-estar, a cultura do hedonismo exacerbado e do consumismo e, principalmente o desinteresse pelos fenômenos sociais, que demarcam a subjetividade de uma sociedade que vive uma realidade do consumo.
Pode-se afirmar que esta subjetividade sobre os fatos reais, está indo num progresso, acompanhando as mudanças. Contudo as sobrecargas das informações do mundo contemporâneo estão apresentando uma instabilidade comportamental e de personalidade nos anseios e desejos dos indivíduos e, conseqüentemente uma insegurança que influencia em uma procura por um consumo constante, justificando tal ato por uma sustentação que oferte um prazer finito.
Os indivíduos é um ser inacabável, em razão disso é um ser faltante nos seus desejos insatisfeitos. Assim buscamos um consumo almejando uma completude ilusória, sendo impossível de conseguir com uma concretude completa.
Ademais, os desejos nos seres humanos mudarão e aumentarão com a velocidade das mudanças ocorridas na nossa sociedade do espetáculo. Diante de toda esta transformação nunca conseguiremos de fato nos realizar, pelo fato de sermos uma simples interrogação e não sabermos muitas coisas, no qual muitos acham que sabem tudo de tudo. Assim, os desejos podem ser adaptados e controlados a sua realidade de forma equilibrada. As pessoas se apegam tantos aos desejos supérfluos que acabam vivendo uma vida de sofrimento sem fim por não conseguir ter algo. Como disse Buda, todo sofrimento provem de nossos apegos. Apegamos-nos tanto a coisas materiais e conquistas que perdemos o lado simples de viver a simplicidade de uma vida transparente, prazerosa.
À mediada que buscamos aspectos básicos que dão origem a qualidade vida, que preenchemo-nos, deslocamos nossos desejos para aspirações mais elevadas, originando atos de satisfação imaginários.
Com relação a necessidades vamos dizer que é algo necessário e crucial na nossa vida. Nosso organismo sobrevive à base dela. É algo mutável imutável, a depender de nossas aspirações que ao alcançar um nível sua necessidade ascende para outro mais elevado. Quase similar a desejo, porem, este pode ser dizer que é saciável e preciso.
As necessidades humanas estão imiscuídas com o trabalho, desde o advento da mais-valia, a transformação do trabalho em mercadoria, tem tido decorrência marcantes na sociedade humana e, principalmente, no comportamento humano, que, obviamente, se deram dialeticamente em comum.
Ao falarmos sobre necessidades fisiológicas, que são necessidades primárias da sobrevivência do ser humano, alimentação, higiênicas, vestimentas, trabalho, sexo, ar etc. Acrescentamos nesta um valor, podemos dizer um valor de troca, relacionada com divisão de trabalho, pois à medida que vamos conseguindo suprir estas necessidades que não podem faltar a nós primamos por algo mais. Desta forma, as coisas necessárias a nossa simples sobrevivência começa a perder sua especificidade, um sapato, por exemplo, não é mais, apenas, algo que protege meus pés do “risco” do chão, é algo que amanha também será trocado por outra coisa.
Na segunda etapa falamos de necessidade de segurança uma vez que num mundo de hoje vivemos uma vida conturbada que procuramos incessantemente por um abrigo, conselho para acalentar nossas aflições interiores e exteriores. Assim, podemos citar aqui as igrejas ou qualquer outro tipo de proteção que nos traga segurança física ou espiritual.
Na terceira etapa surge à necessidade social, esta necessidade tem haver com pertencimento ou aceitação num grupo, na família, no trabalho. Somos seres humanos nossa existência toda foi vida em grupo e de sentimos a sensação de pertencer a um grupo é algo primordial para essência das pessoas.
A necessidade de status ou estima, nós buscamos uma vida quase perfeita. Trilhamos por um caminho de alcançar objetivos, ser competentes, ganhar reconhecimento e aprovação de nossas atitudes. Nesta fase pensamos muito no que as outras pessoas pensam ou falam sobre nós, almejamos a atenção das pessoas. É uma fase bastante inquietante que nos leva a insegurança, da baixa auto-estima e até da dependência afetiva. A última necessidade que Maslow cita que é o cume da pirâmide se refere à necessidade de auto-realização, nesta parte o ser humano busca realização como pessoa. O ser humano quer chegar à satisfação, a motivação plena.
Assim, as necessidades fisiológicas, de segurança e sociais as pessoas buscam satisfazer tais necessidades, o não conseguir realizar uma delas, traz no ser humano uma desmotivação intensa, o que de certa forma o impossibilita de seguir adiante, como por exemplo, não consigo satisfazer minha necessidade de segurança. Diante disso, o individuo não se sente satisfeito para seguir outro patamar, o da necessidade social. Já as necessidades de auto-estima e auto-realiazação está ligada a motivação. O chamado “homo complexus”, ou seja, autoconhecimento, algo intrínseco. O individuo canaliza sua energia para busca da auto-realização e motivação. Importante frisar que a necessidade de auto-realização ela é insaciável, quanto mais satisfeita sua vontade sua necessidade aumenta
O ser humano percorre um longo trajeto até chegar ao cume da pirâmide, contudo, chega lá, não está completamente satisfeito, falta-lhe algo, que ele nem sabe o que é. Com isto, o individuo procura outros meios de motivar-se, pois esta auto-estima de busca por aceitação das pessoas, por ser reconhecida, busca por uma satisfação que pode ser intrínseca ou extrínseca. Vivemos de momentos que nos movem para uma ação. Poderemos está triste, porém motivados, uma vez que satisfação recebe interferência de vários fatores externos.
Esther para que os ouvintes pudessem entender melhor sobre a temática dar uma exemplificação sucinta: determinada pessoa trabalha numa organização, vive para o trabalho e tem a oportunidade e viajar para o exterior fazer um mestrado na sua área funcional e pensa em retornar e aplicar na sua empresa. Retorna para o seu trabalho, depois de anos estudando no exterior, ao reintegrar no trabalho percebe que muitas coisas mudaram e que as pessoas não lhe davam mais atenção e nem reconheciam todo seu esforço em querer colocar o que aprendeu no curso no seu trabalho. Esta funcionária começou a sentir mal ao ver que suas idéias não valiam e não eram aceitas na sua empresa e que havia certa resistência do seu chefe imediato e colegas na colocação na prática. A funcionária iniciou um processo longo para que lhe aceitassem, porém não conseguiu e foi definhando até chegar ao ponto de cair na depressão e se suicidar-se.
Percebamos que no case acima a funcionária não conseguiu satisfazer a necessidade social, de auto-estima e auto-realização, onde decaiu numa regressão total. A satisfação é algo individual e particular, quando a funcionária viu que seu objetivo não seria alcançado não agüentou, perdeu o foco. Tem pessoas mais centradas, com sentido de aguçamento para galgar patamares além do seu infinito e por não conseguir atingir seu objetivo, não alcançar a interação, o reconhecimento social sofreu uma baixa auto-estima, onde o fator interno alinhado com o externo levou a uma desmotivação sem retorno.
O ser humano procura aperfeiçoar-se, aprimorar-se para a realização de uma troca de satisfação de suas necessidades e desejos através do seu trabalho. Vejamos na atualidade a inversão das coisas, o trabalho vem significando a mesma coisa mais produtividade e rendimentos dos funcionários, porem nossa hiper-modernidade quer algo mais de nós. E deixamos que este algo mais tomasse conta de nossa razão e nos deixamos levar por esta troca de valores. Produzimos coisas que não consumimos, outras indivíduos consome mercadorias que não produziram e, vamos perdemos nossa ação e sobrevivência. São tantas coisas que mesmo sabendo disso tudo fico perplexa até aonde vamos parar com toda esta insignificância do ser humano, seres usados e descartados.
Alienamos nossa capacidade de pensar consciente. Neste momento precisamos transformar a reflexão sobre o homem na intervenção do homem. Não podemos deixar que o caso da funcionária esteja alienada pelo trabalho e até o ponto de perder sua razão e suicidar. É isto que queremos para nós?
Por fim, necessidades e desejos são assuntos amplos que cabe mais estudos e análises. Este meu estudo sobre o futuro das pessoas está tentando identificar traços para um futuro para essa sociedade tão mutante. É fato que nosso ser é motivado diariamente por busca de certos anseios imediatos. Nossa sociedade oscila em torno dessa busca.
Necessidades é algo que as pessoas conquistam para sua sobrevivência ou fantasias humanas e que estas conquistas satisfeitas trazem uma interferência nos desejos das pessoas, onde o preenchimento de uma necessidade alavanca outras aspirações. Abraham Maslow sugere, por meio de sua pirâmide das necessidades humanas, que as pessoas ambicionem o topo, ou seja, a auto-realização, momento este que as necessidades internas e externas do ser humano serão potencializadas.
Contudo, é no ponto anterior citado que precisa-se ter um pouco mais de atenção, uma vez que a sociedade se preocupam muito com os impulsos e volições primitivas e instintivas da humanidade, todavia devemos nos ater a relevância do ser humano buscar infinitivamente por seu potencial de sabedoria. Até que ponto o ser humano iria para alcançar tal cume? O que seria capaz de fazer para sentir satisfeito sua concretude? Fica aí a dica.
Ouvi de um professor uma vez que o homem não é nem escravo nem senhor de sim mesmo ou do mundo. Uma coisa é certa: vivemos num século de mudanças e se não mantivermos nossos desejos bem satisfeitos e nutridos, nossas chances de sobrevivências são mínimas.
Compulsando os vários desastres que estão acontecendo ao nosso redor percebe-se o quanto já morremos há muitos anos e não damos contas.
Esther pára o carro e finaliza seus pensamentos com uma questão que perguntaram ao Dalai Lama: - O que mais te surpreende na humanidade? Ele responde: os homens... Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... E morrem como se nunca tivesse vivido.
Esther segue viagem e decide tomar um novo redirecionamento de sua vida.
O que sustenta sua felicidade é a positividade. Todo mundo gosta de parecer feliz, mas infelizmente, uma parcela não é totalmente feliz.
Esther continua seu percurso, numa estrada razoável o trafego. Paisagem sossegada com pequenas casas. Grandes árvores, um ar fresco incomparável. Chega em casa alegre, abraça a mãe. Final de semana que parecia uma eternidade. Contara tudo que fizera. Esther resolvera definitivamente mudar sua vida. Ela pensara quando mais jovem conhecera um rapaz, no qual este simpatizara com ela, contudo, Esther não deu atenção, com receio de atrapalhar seus estudos, objetivos profissionais.
Era uma jovem que tinha tudo na vida materialmente. Numa certa manhã Esther saindo para seu trabalho esbarra num rapaz. Quando ela o olho percebe que é conhecido do povoado de Sarapui. Um rapaz moreno, alto, simpático. Ela sente uma sensação que não consegue explicar. Cumprimentam-se e ambos seguem seus caminhos. A noite num seu quarto Esther lendo um romance sobre amor a primeira vista, se de fato acontece, lembra do episodio que aconteceu pela manhã.
Ela finge não querer saber, mas aquele rapaz mexeu com suas emoções. Tocou algo no seu coração adormecido. Esther com 30 anos de idade nunca namora, devido seus anseios profissionais, temia que alguma coisa interferisse na sua trajetória. E também havia a questão da mãe, dos conselhos sobre homens. Ela ficava com medo de decepcioná-la por algum sentimento. Mas, este que ela esbarrou, sinalizou uma energia boa nela. Na manha seguinte acordara com um brilho no olhar. Abraça sua mãe e esta interroga:
- Estou sentindo algo no ar som este sorriso. O que aconteceu?
-Nada mãe. Somente um clarão de um novo recomeço. Esther não queria falar nada com a mãe sobre o rapaz. Não queria precipitar-se.
Esther leva seu dia com uma imaginação fértil, querendo fazer tantas coisas ao mesmo tempo. Chega um momento que sua cabeça não agüenta e ela tem um desmaio repentino. As pessoas vêm a sacudi-la instantes depois retoma os sentidos. Naquele momento de transição, Esther vê uma luz branca, se abrindo, a mesma luz que vira em um determinado dia, numa experiência, a qual estava ela, sua mãe e dois irmãos e o cachorro. Aonde indo em direção a casa de seus avôs se deparam com um exame de abelhas vindo na direção deles. Era um lugar deserto, com poucos capins, pedras, precisamente um pasto, onde se colocavam os gados no fim de tarde. Naquele dia, Esther visualizando as abelhas, ambos correram e jogaram-se ao chão, as abelhas ficaram flutuando sobre eles, logo depois seguiram seu caminho. Os demais levantaram e Esther ficou desacordada por alguns minutos. Logo depois se levanta, explicando a mãe a experiência que teve. Uma sensação de transição para outro patamar da vida sobrenatural. Um portão se abrindo, numa fascinante luz branca se abrindo e Esther indo naquela direção. Logo, ela ouve o cachorro latir, sua mãe gritar por seu nome. Esta mesma sensação Esther sentira no trabalho, quando desmaiou e foi retornando os sentidos.
Esther levanta-se, agradece aos colegas. Resolve ir para casa relaxar um pouco.
No dia seguinte, Esther inicia, ligando o computador, pensando no seu sonho a ser realizado, o futuro próximo do mestrado em Cultura e Sociedade, ela começa esboçando o projeto de pesquisa. Aproveitando aquele momento de inspiração, ttermina o projeto e passa à uma professora que realiza a revisão. Enquanto isso, ela programa fazer uma viagem à França para se divertir um pouco, viver alguns momentos de belezas, sentir o verdadeiro sabor da vida, nos palacetes das artes daquele País que tanto a fascina, vê as obras de artes de Bodin, a essência que cada escultura transmite as pessoas que as visualiza, aonde através delas, conhece-te a si mesmo e conhecendo a sim mesmo, conhece as pessoas à sua volta com uma alma mais aberta.

Chega o dia da viagem. Esther se despede da mãe. Com sua mala cor de rosa vai rumo a realização de mais um sonho. Dentro do avião ela pensa em tudo que passara nesta vida, o que ela fez e deixou de fazer; o que fizeram com sua simples vida. Várias coisas refletem em sua mente naquele momento. A aeromoça chega servindo bebidas. Esther aproveita, tomando uma taça de champagne em homenagem a sua vida. Aquele momento, o qual ela sempre sonhara viajar para Europa. Chegando ao aeroporto, ela se depara com uma fascinante paisagem, algo de enaltecer seus olhos. Ela estava no país da liberdade, beco da cultura mundial. Seguindo com os demais da viagem para o hotel, no ônibus ela fica vislumbrada com tudo que ver. Chega ao hotel, vai para seu quarto, parecendo uma paisagem de filme, se joga encima da cama, começa dar pulos, corre ao banheiro. Tudo perfumoso. Aproxima-se da janela visualiza a torre Eiffel. Algo simplesmente fascinante, ela não pensara que era tão grande. Pega o celular e liga para sua mãe radiante, contando-lhe tudo.
Na semana seguinte Esther no seu carro rumo a sua nova casa, realizando um sonho da mãe de ter uma casa na praia. Esther hoje uma mulher feliz e não consegue esquecer suas raízes, sua humildade e simplicidade com todos a sua volta. Uma menina madura, com a sabedoria suficiente para discernir entre o que é bom ou ruim. A configuração social, ela percebe as pessoas, seres mutáveis, as quais devem tomar cuidado com determinados tipos de comportamentos dissimulados das pessoas.
Esther acredita que existe uma luz em cada ser humano. Esta luz incriada e incriável, no qual esta luz tem unicidade com Deus vivo que existem forças da alma no seu operar, a qual uma é muito mais nobre e elevada do que a outra.
O ser humano vive uma idiossincrasia comportamental, negando sua própria identidade. Mesmo com toda a felicidade do momento. Esther não consegue abrir sua alma para mais ninguém, depois de tudo que sofrera, nunca mais verão a alma aberta daquela menina, que por fora é outra pessoa, mas por dentro continua a mesma, com suas memórias, valores e emoções. Todo seu sofrimento serviu para adquirir mais ainda experiências para lidar com diferentes tipos de indivíduos.
“Vejo-me no que vejo.
Como entrar por meus olhos.
Em um olho mais límpido
Olha-me o que eu olho
É minha criação
Isto que vejo
Perceber é conceber
Águas de pensamento
Sou a criatura do que vejo. ”(’Blanco’, - Octávio Paz. versão de Haroldo de Campus).

Somos seres humanos inacabados, uma completa inconclusão. Viajo pelas esculturas de Rodin e percebo o quão importante é a beleza, as imagens de suas obras. O significado que traz a nossa alma, fazendo uma compreensão do incompreensivo.
Por que o ser humano é tão maldoso? Utiliza de palavras para ofender, atingir o outro, sem que este tenha feito ou cometido qualquer falha. Mesmo se tivesse realizado algo não justifica usar termos maledicentes para machucar seu próximo. Muitos utilizam de uma fala verdadeira ao em vez de uma verdadeira conversa. Ou seja, existem duas formas de expressar uma verdade: uma expressando algo sem machucar, tendo alteridade com o outro. E outro a fala verdadeira é quando falamos e não ligamos para o sentimento do outro.
As pessoas são formadas de emoções, valores e memórias. Por que este mundo tende a humilhar-nos com atitudes que atacam-nos a alma?
“Não há respostas
Nunca houve resposta
Nunca haverá resposta
Esta é a resposta.”( Gertrude Stein).
Esther, no trabalho hoje sentiu uma dor tão grande, a qual mesmo com as tribulações de sua vivencia, ainda não conseguiu acostumar-se com determinados tipos de comportamentos. Tem pessoas que não sabem expressar com palavras agradáveis e dicção amável. Sei que é difícil na nossa civilização do espetáculo, as pessoas serem mais sensíveis, abertas, isto se deve ao acumulo de sobrecarga, que estamos deixando que façam com nossas vidas.
Um mundo perverso, egocêntrico, no qual está perdendo completamente a noção das coisas simples do saber viver, pois existir, já existimos, o que precisamos é saber viver a vida. Compreender o espaço do ouro. Antes de fazer um julgamento olhe para si mesma e com base nesse, faça uma analise da sua vida e demais a sua volta. O mundo está ficando na escuridão, as vezes questionado, outras vezes questionável, onde os indivíduos não sabem quem são realmente. Estão deixando dubriar por algo supérfluo. Estão buscando algo tão distante, inalcançável, deixando de viver a vida, a única vida que lhe foi dada com tanto sacrifício.
A essência humana é algo tão frágil e delicado, que quando atacado, ele não consegue se abrir mais como naturalmente. Sempre se lembrará das marcas deixadas por algum indivíduo, que sobrevive encima da humilhação do outro.
A civilização atual não consegue mais redimir de seus males feitos a outrem. Fico imaginando a 2000 anos atrás, pois o comportamento das pessoas de hoje é um trajeto vivido e trazido por gerações, a qual foi se aprimorando, acentuando até chegar onde estamos: neste palco, o qual vivemos representando, esquecendo quem somos.
Tem momentos, que sinto saudade daquela época, onde as pessoas se cumprimentavam com alegria no olhar. Hoje, o que vemos é mera representação, e em jornadas nem isso. A solidão está de mãos dadas com este novo indivíduo. Um indivíduo que prefere ocultar seu verdadeiro sentimento por uma falácia e comportamento hostil. A medida, que ele não consegue pensar nas suas palavras e ações para consigo e o outro.
Neste momento penso no transcrito de Rodin:
“A beleza está em todas as partes, dizia ele (Rodin). Não é ela que faz falta a nosso olhar, mas é nosso olhar que não sabe percebê-la. A beleza é o caráter e a expressão. Ora, nada mais há na natureza que tenha mais caráter que o corpo humano.” (Auguste Rodin).
Nossos corações estão fechados por uma série episódios vividos nesta e em outras vidas que não permitem que nos abram por completo. O coração tenta se abrir na luz incriada e incriável, no qual esta luz nos Poe de pé, quando tropeçamos nas pedras que percorrem nosso caminhar. Todavia, nem sempre conseguirmos deixar esta luz entrar e caímos numa escuridão vedativa que não conseguimos enxergar mais nada, a não ser o “Eu”. O orgulho, preconceito, frivolidade, egocentrismo, bisbilhotice, atrocidade são sentimentos que estavam adormecidos nas pessoas e agora vem num colapso sem controle que acaba tudo a sua volta. O verdadeiro colapso do existencialismo, dos valores mutáveis e intransponíveis.
O passado deixou de iluminar o presente e o presente o futuro. O que vem agora e o que virá depois? As pessoas precisam observar afundo suas condutas para não vir a cair no breu sem volta. A dor atual do ser humano é algo que se tornou intolerável. O coração fechado queima, inflama. Percebe-se o quanto os indivíduos não passam de apenas um vazio, todo homem é apenas uma mera aparência. As pessoas vão e vem como sobras, labutam tanto por um nada.
Esther conclui seus pensamentos observando uma escultura de Auguste Rodin, em Paris e refletindo o ser humano com o pensamento de Nietzsche:
“O que sabe, propriamente, o homem sobre si mesmo? Sim, seria ele sequer capaz de alguma vez perceber-se completamente, como se estivesse em uma vitrine iluminada?”
Esther articula em seus pensamentos:
- O ser humano precisa enxergar as coisas com um novo olhar. Uma olhar holístico, compreensivo, onde as obras de artes possam ser a mola propulsora de compreensão da sociedade, na qual os objetos têm sido formados.
Esta pequena garota, que almejava galgar patamares variados do mundo físico, vem demonstrando para sim que pode muito mais. Que nós seres humanos podemos, é só querer e aproveitar as oportunidades e não perder sua essência, sua humildade, mesmo com as frivolidades desta vida seja algo impossível de se fazer, devemos driblar os desafios e tirar proveitos deles. Sabemos que as dores emocionais são terríveis nesta sociedade, mas o indivíduo precisa ser forte. Não existe uma mágica para fortaleza, somente a determinação e foco, que mesmo abatendo-se por um momento, seguir em frente sempre, pois a vida segue e não para um segundo.
Esther esta garota incrível, que vem trilhando por um caminho de espaço aberto, que aos poucos vai se fechando, mas que no final ela vai se abrindo como uma flor desabrochando para um novo percurso, pois assim é a vida, um dia estamos bens, noutro estamos no chão caído, mas que temos uma força motriz no nosso âmago, em cada indivíduo tem, que faz o outro seguir, mesmo o seu interior dizendo às vezes (depende de indivíduo) para ficar ali sentado e calado, esperando o tempo passar. Só que a vida não é assim. Se tivemo-nos mais uma oportunidade nesta vida de experimentação, renovação, conhecimento naturalizado, de almejar melhoramento no comportamento, devemos aproveitar o máximo o hoje, pois o amanhã, como disse o poeta “não nos pertence”.
Durante todo seu percurso rumo a uma vida de sabedoria, renovação espiritual acerca do mundo e das pessoas, Esther compreendeu, que a busca da sabedoria, no desenvolvimento acarreta e traz vários males, pois onde há muita sabedoria, conhecimento sobre os fatos, existe a tristeza e quanto mais conhecimento e sabedoria ela buscar, vai encontrar mais sofrimento. Contudo, ela continua seguir seu caminhar infinito, e percebendo a imensa vantagem que tinha de algumas pessoas da sociedade do espetáculo, ela tinha luz própria, um conhecimento desigual, já os outros viviam no breu da escuridão, com uma venda nos olhos,não querendo chegar o que estava acontecendo no mundo a sua volta, próximo a ti.



REFERÊNCIAS

VARGAS, Mario LIosa de. A civilização do espetáculo: uma radiografia do nosso tempo e da cultura. -1. ed. – Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
MASI, Domenico de. O futuro do trabalho: fadiga e ócio na sociedade pós-industrial, -3. Ed – Rio de Janeiro: José Olympio; Brasília, DF: ed. da UndB, 2000.
DÉBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. -1. ed. Contraponto Editora, 1967.
KAFKA, Franz. A metamorfose.  1. ed. – Editora: Companhia das letras, 1997.

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