O INCERTO FUTURO DAS PESSOAS NA SOCIEDADE DE APARENCIA

O INCERTO FUTURO DAS PESSOAS NA SOCIEDADE DE APARENCIA
Daiana da Silva da Paixão

Resumo
Este estudo tem o objetivo fazer uma análise sobre o incerto futuro das pessoas na sociedade de aparência, apontando uma reflexão transformadora sobre a temática em si. Este ensaio foi idealizado na observância do cotidiano das pessoas na sociedade atual, bem como de autores pesquisados como Domenico D’mais (2000), Mario Vargas (2013), Debord (1967), Bauer (2002) uma forma de entendermos os diversos tipos de idiossincrasias comportamentais que impactam no modo de ser das pessoas.
A metodologia utilizada foi a pesquisa exploratória, tendo como coleta de dados, o levantamento  bibliográfico. As conclusões mais importantes e consciência sobre o que as pessoas buscam tanto e no momento que consegue vê-se em busca de outra coisa, muito além do que imaginava querer. Além de não saber do incerto futuro dessa sociedade, que na nossa concepção vai muito além do que transparece ser. Estamos numa época que não precisa morrer para saber, pois já morremos há muito tempo e não nos demos conta disso.
Palavra-chave: Sociedade, pessoas, futuro, capitalismo, fatos sociais, trabalho.

1 Introdução

           O tema em epigrafe tem por objetivo fazer uma análise sobre o incerto futuro das pessoas na sociedade de aparência, apontando uma reflexão transformadora sobre a temática em si. Com isto um relevante estudo do comportamento das pessoas com o fim de entender quem realmente somos e como transparecemos socialmente. Além de sabermos se existe futuro para nossa sociedade de aparência, que na nossa concepção vai muito além do que transparece ser. Precisa-se transver o mundo com outro ângulo transformador.
          Atualmente, vive-se num mundo de aparências, fazendo coisas incalculáveis ao nosso ser. Se o ser humano não tiver foco no que realmente almeja-se na vida pode até cair numa depressão, ou até um suicídio. Existe aquela queda do mito do progresso sem fim como meras soluções dos conflitos ou problemas humanos.
          Este ensaio justifica-se pelo fato de vivermos numa sociedade em que as pessoas fecham os olhos para muitas coisas e se arriscam a ver o mundo por simples representações de imagens que denotam uma total utopia, principalmente pelos olhos das pessoas que observa na neutralidade. A humanidade está vivendo um momento muito delicado, onde a pré-história faz parte do nosso caminhar. Precisa-se reencantar o mundo, pois a história é um fluxo.
          Pensa-se nos caminhos, nas escolhas que depende de cada um, nas pessoas de hoje, de ontem e do futuro. Quem é o ser humano de hoje em dia? O que é o ser humano? Como serão? Será que continuarão com aquele sentimento onde pensam que todos são iguais?Que vão sempre ter uma emoção de altruísmo com o seu próximo ou serão cada vez mais individualistas, egoístas? Refletindo superficialmente parece que encontrar respostas para estas perguntas são fáceis. Embora fosse fácil falar a respeito.
          Serão muitas informações importantes que podem  ajudar a encontrar as respostas apropriadas, com assertivas que nos levem a outras indagações sobre a mudança de comportamento, que ao mesmo tempo restringem a umas concepções às vezes antiquadas.
          Voltamos a pensar na resistência que as pessoas se colocam à mudança para melhorar o sistema social que está mutilando o comportamento das pessoas. Além de vivermos a mercê de uma sociedade que nos coagem de diversas formas, seja por meio de generalidade, exterioridade, coercitividade, dentro outros que interferem na nossa vida social, segundo informações de Karl Marx.
          Várias imagens vêm-se à mente, os problemas, situações aflitivas e dilemas que angustiam os comportamentos das pessoas em meio aos processos de uma sociedade que nos impõem medidas de sobrevivência e como devemos proceder.
           Por isso,  que este estudo terá muito acrescentar aos caros leitores a reaprender, repensar, reinventar o novo, ter suas próprias idéias e não se preocupem do que vão pensar o que importa é o que realmente está na sua essência natural de ser humano que erra e aprende a todo o momento.

2   Sociedade contemporânea

          Começamos a desenvolver este ensaio com o pronunciamento do livro A metamorfose de Franz Kafka, que é de fato um livro de 1912 que retrata o que realmente está ocorrendo com nossa sociedade atual, mesmo sendo um célere de um século, mas através dele podemos destacar a profunda crise e decadência que nossa sociedade está adentrando.
          A metamorfose é um livro polêmico que conta a história de um caixeiro viajante, que trabalha e vive em prol da família. No dia acorda como um inseto asqueroso, onde a família tem medo e nojo de se aproximar. A partir desta transformação a história tem um desenrolar elucidativo e com questionamento inquietante, como por exemplo, o que leva o ser humano a ter um apoucamento e afastar de princípios, valores e convicções tão primordial a nossa vida social e, principalmente o nosso existencialismo? Como pode a massificação e frivolidade ser tão importante no nosso tempo do que pensar nos problemas e dilemas que afligem nossa cruel sociedade? O que estamos fazendo com nossa única vida e o que estamos deixando que façam com ela?
[...] Era uma maçã, á qual logo outra se seguiu. Gregório deteve-se, assaltado pelo pânico. De nada servia continuar a fugir, uma vez que o pai resolvera bombardeá-lo. Tinha enchido os bolsos de maças, que tirara da fruteira de aparado, e atirava-lhas uma a uma, sem grandes preocupações de pontaria. As pequenas maçãs vermelhas rebolavam no chão como que magnetizadas e engatilhadas umas nas outras. Uma delas, arremessadas sem grande força, roçou o dorso de Gregório e ressaltou sem causar-lhe dano. A que se seguiu, penetrou-lhe nas costas. (Franz Kafka, 1912, p. 23)
          Nossa cruel sociedade, onde à medida que somos úteis, servindo-lhes, somos essenciais, mas quando acometemos com algum impedimento ou se precisamos daquele ente, amigo, são nos virada as costas. Essa sociedade sempre existiu só que a que estamos inserida hoje está se tornando mais frívola e cruel. Somos seres descartáveis, vivendo numa vida, que nega algo que se tornou visível. Somos mercadorias sem valor nesse mundo proletariado, no qual perdemos a qualidade tão sonhada, devido à substituição de algo sem espelhar na nossa cultura, que vai muito além do que imaginávamos.
          O adestrastramento da vida social, onde tudo que era autêntico e espontâneo, se transformou numa verdadeira representação do ser humano, no qual aquilo que era imodificável, simplesmente foi substituído por algo artificial, coisificação e falso. Segundo Debórd (1967), é a ditadura efetiva da ilusão na sociedade moderna.
É provável que nunca na história tenham sido escritos tantos tratados, ensaios, teorias e análises sobre a cultura como em nosso tempo. O fato é ainda mais surpreendente porque a cultura, no sentido tradicionalmente dado a esse vocábulo, está prestes a desaparecer em nossos dias. E talvez já tenha desaparecido, discretamente esvaziada de conteúdo, tendo este substituído por outro, que desnatura o conteúdo que ela teve.( LIOSA, 2013, p.11).
          O ser humano atual vive numa verdadeira aquiescência da modificação de nossa humilde vida. Esta metamorfose está cada vez nos insatisfazendo nossos infinitos anseios por algo que alcançamos, mas depois que conquistamos aquilo, queremos algo mais, perdendo nosso equilíbrio para o que de fato almejamos desta vida. Trabalhamos tanto, isto é muito bom, mas o trabalhar mesclado com o ócio, com as coisas simples da vida. Aproveitar o melhor que ela tem nos oferecer, porém não conseguimos satisfazer isto, e trilhamos por um caminho de escolhas que podem nos levar à mundo sombrio ou/ e tornar-nos obsoletos.

2.1. A atual situação da sociedade de aparência

Nosso tempo, sem dúvida... prefere a imagem à coisa, a cópia do original, a representação à realidade, a aparência ao ser... o que é sagrado para ele, não passa de ilusão, pois a verdade está no profano. Ou seja, à medida que decresce a verdade a ilusão aumenta, e o sagrado cresce a seus olhos de forma que o cúmulo a ilusão é também o cúmulo do sagrado. Fewerbach – prefácio à segunda Ed. De A essência do Cristianismo.
          A sociedade do espetáculo, sociedade que emergiu da revolução industrial, período diferente e muito assimilar ao passado antes da era industrial. Uma sociedade grandemente competitiva, na qual não há espaço para pessoas “sensíveis”, nem para o individuo com perfil diferente, na qual aquela sociedade considera aceitável e apreciável.
          O ser humano atual vive uma nítida associação do ser a um produto que pode ser substituído como uma máquina ou coisa similar. Vive-se numa repetição completa, excluídos, vivendo a crise do homem contemporâneo com uma consciência de sua situação perante seus familiares e a sociedade.
          As novas relações de trabalho suplantam as dificuldades nos indivíduos uma exploração constante do seu esforço físico/emocional, levando-o ao desprezo sem fim.
          Na nova era o trabalho se tornou para as pessoas irritante, cansativa. As pessoas começaram a distanciar de seus familiares, faltas de relações interpessoais, refeições irregulares, pouco contato com o outro. Vivendo num mundo preso a obrigações, em busca de coisas para suprir suas necessidades e desejos, porém tudo isso tem um preço: sua liberdade, saúde emocional. Toda humanidade vive uma inversão de valores morais, onde a questão do ter vale mais que a questão do ser, da essência do outro.
          A frieza das pessoas para com os outros e a vivência da inaceitação da sua atual situação desagradável, como por exemplo, a condição humana e os dramas que acometem este individuo com várias doenças psíquicas da sociedade.
          Além de não sabermos lidar com problemas do trabalhador comum, relacionadas com a burocratização das empresas, frivolidades e banalização das pessoas e desaparecimento da cultura, do ócio, do erotismo etc.
          O individuo tenta rebelar contra as imposições da sociedade. Porém, só vai conseguir tal feito quando romperem definitivamente com o automatismo, a dominação e a alienação das tarefas executadas rotineiramente e quando se propuserem a aceitar a mergulhar numa transformação revolucionária na sua atual plenitude e condição humana.
          A sociedade do espetáculo nos restringe o valor do individuo ao que apenas produz e este vive uma vida de aparências. Nossos valores são oprimidos, excluídos, a situação da família fica tudo em ultimo plano. A solidão aflige nossa insignificância para uma sociedade completamente capitalista e opressora. Essa sociedade quer que sejamos um nada.
          Com isto, façamos alusão à sociedade capitalista que está nos atrofiando e, fazendo com que tenhamos um comportamento cruel retratar a frieza e ausência de escrúpulos do ser humano diante de situações de conflitos e em meio ao contexto que estamos vivenciando.
          A sociedade contemporânea vive uma crise existencial, a desesperança do ser, o pessimismo, a falta de respostas, impotência e a fuga. Na verdade vivemos numa contradição constante que envolve relações humanas. Chegamos numa época em que o ser humano só é útil quando pode-se tirar algum proveito dele, se não for assim, passa ser desprezível e descartável. Os interesses pautam na conveniência.
          Hoje só somos benquistos, quando damos alguma garantia, um retorno prático, mas quando este fica impossibilitado de repassar seus préstimos, simplesmente não serve mais para nada. Servimos apenas para o sistema econômico, desconhecendo na maioria das vezes o real sentimento das pessoas que estão a nossa volta. Somos tão irrelevantes, improdutivos, dispensáveis ate para nossos entes mais próximos.
Ele tem que ir embora! É o único jeito, pai. O senhor precisa se desfazer da idéia de aquilo é Gregor. [...] Se fosse, há muito tempo teria percebido que seres humanos não podem viver como um bicho como aquele. E teria partido por conta própria. (Franz Kafka, p. 30).
          Com isso, ver os de fato que nosso valor essencial humano esta tarjado por aquilo que somos capazes de produzir, visando somente e unicamente o lucro. Indo numa fruição de uma condição que apenas depõe contra nós mesmos.
         Nossa sociedade do espetáculo aprofunda os mecanismos de alienação do trabalho, segregação social e autodestruição. Um sistema criado encima de coisas supérfluas, sendo consumida por pessoas “selvagens”, hipócritas, dependentes e solitárias, inconscientes de sua inutilidade para meio e fim.
          A ablação das coisas, a sociedade corrupta, desumana, desigual, ambiciosa e completamente vulnerável a esse “sistema prisional”, do niilismo e alienável que produzem nas pessoas uma ignorância imposta, que não tem acesso a educação de qualidade tem suas famílias desestruturadas (conseqüências dos novos valores da sociedade).
          O capitalismo, sistema brutal que se não bem administrado conscientemente destrói o individuo. Surgiu nas nossas vidas de modo inesperado quando menos pensávamos ou acreditávamos que já tinha chegado. As vicissitudes do ser humano com os quais os profissionais lidam diariamente.
          Por fim, nós seres humanos somos como Gregor (personagem do livro metamorfose) um inseto asqueroso que ninguém quer compartilhar ou ser. E vamos acabar como ele, morrendo numa solidão insuportável, em razão de uma sociedade de aparência.

2.2. Fatores conjunturais que interferem na vida social das pessoas

          Nos tempos atuais vive-se uma existência de guerras e conflitos de diversas formas, seja religiosa por ablação, entre nações, demonstrando um excesso de materialidade. As pessoas trilham tanto por uma boa qualidade de vida, por sobrevivência e uma postura da vida em sociedade que esquece-se princípios básicos como singularidade e respeito mútuo. Possamos dizer: um compromisso com nossa simples vida. Mas será que as pessoas de certa forma estão trilhando em busca disso? É um questionamento que nos tempos atuais torna-se difícil uma resposta plausível.
          Maioria dos profissionais queixa-se de que não consegue o tão sonhado equilíbrio entre as diversas dimensões das suas vidas, seja profissional, financeira, social e pessoal. São vários fatores conjunturais que interferem na segmentação de vida dos indivíduos.
          Além do grau infelicidade e frustração é enorme em patamares diversos da vida humana. Na vida profissional: desavenças, ausência de reconhecimento, problema de comunicação, conflitos de valores, sobrecarga, mau gerenciamento das propriedades e do tempo.
          No momento em que o mundo dá vários sinais de doenças originárias de ângulos diversos; ao estressante a depressão, fazendo com as organizações enfrentam tamanha crise de valores e infelicidades generalizadas nessa nova relação de trabalho, pouco adianta melhorar as regras que já foram concedidas numa atmosfera que finge não ver as verdades, simulando um mundo artificial de pessoas manipuláveis com único objetivo em mente: crescimento profissional e status.
          Nossa sociedade encontra-se literalmente perdida como um barco a deriva, seja pela falta de segurança, a violência que está se tornando excessiva, desamor desencadeado, princípios e valores, nos quais estes já não existem mais. O mundo vive numa situação caótica, que desperta medo, insegurança e destruição diante dos fatos e a falta de perspectiva que assola nas pessoas perante a vida e o futuro.
          Pode-se afirmar aqui que estamos vivendo sob os auspícios e domínio da tecnologia, isto acontece em que todos começam acreditarem e a confiarem nisso como se confia numa divindade, impactando assim, na sua vida e sua essência.

2.3. A metamorfose das pessoas: será que existe vida antes da morte?

          O ser humano contemporâneo está atravessando uma crise profunda. Já se aborda em uma metamorfose sobre os restos mortais daquela sociedade do século 18 que veio suplantar atual.
          Começa-se esta análise pelo crivo de Mario Vargas Llosa que no livro “A civilização do espetáculo” traz uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura. Onde nos simples ato do cotidiano, cada individuo vem adotando uma visão analítica diferente e própria dessa sociedade do espetáculo, que vai muito além do que os outros descrevem ou sentem. Uma análise constituída pelos hábitos do passado, em parte por outras pessoas ou até construída por nós mesmos. Sobre diversos ângulos, seja da exuberante cultura grega e romana, do idealismo e cristianismo até mesmo de Marx e, principalmente com Guy Debórd, Domenico De Mais e o já citado Mario Vargas temos aprendido, compreendidos e compartilhados diversas visões do mundo, bem como outros tantos modelos da proletarização que temos como base na orientação da nossa realidade e nossos complicados comportamentos e modo de ser.
          A sociedade Está atravessando uma fase que pode-se caracterizar como uma grande crise, na qual as visões do mundo com os quais suplantamos no passado são insuficientes para uma explicação do que está acontecendo como novo presente, impactando na antecipação de um diagnostico preciso do futuro próximo. Se é que já não estamos vivendo este futuro, onde as coisas são tão incertas.
          Em 1970 e 1980 os surgimentos de alguns equipamentos tecnológicos começaram a influenciar na nossa vida cotidiana, os estudiosos iniciaram uma sondagem acerca de um futuro prospero. Neste período e anteriores a este a sociedade já vinha passando por uma degradação de governantes, movimentos sociais, alavancando numa crise sufocante, que começou a exigir mais e mais das pessoas proletariadas.
          Talvez nunca tenha-se pensado tanto sobre os impactos e conseqüências no descerramento de novos horizontes na conquista de mais qualidade de vida, status numa sociedade exploradora e consumista. Quem pensaria que o surgimento de novas tecnologias, capazes de livrar o homem da fadiga, de acentuar seus conhecimentos, de transformação do passado no presente pudesse trazer tantos transtornos e mudanças comportamentais na sociedade.
          O poder aquisitivo e de bem-estar infinitivo material está fazendo com as pessoas vá além de suas forças. O modo de pensar, os esquemas mentais, as tradições, o desaparecimento da cultura por uma nova concepção de ideal de cultura e social faz-se com que as pessoas fiquem em busca de algo que não existe, desalentando em declínio emocional que, acaba por projetar e produzir um futuro incerto.

3 O colapso da agora

A seiva das árvores ou o sangue em nossas veias são indispensáveis para nos manter vivos, porém para que afinal estamos vivos? Apenas para que o sangue ou a seiva circulem? (Ruben Bauer, 2002, p. 17)
          Esse tema leva à tona as nuances da significação do papel do ser humano na sociedade, mas o que observa-se atualmente é que as pessoas vivem em prol da seiva. Contenta-se apenas com objetivos imediatistas, com resultados sucintos e que não delongue tanto, indo, contudo, a degeneração em inércia, resistência as mudanças, controle excessivo e rigidez dos atos. Vive-se numa completa senescencia do progresso.
          A sociedade do espetáculo quer que sejamos meros zumbis, uma pessoa mecanizada com suas imposições. Ela nos mostra uma realidade tal qual é na verdade, mas não nos mostra como o poder a constitui, nos fazendo pessoas subversivas e coercitivas o que aquela preconiza.
          Segundo Gramsci, uma época em que a velha ordem agoniza, enquanto a nova ordem parece não ser capaz de nascer, agora é o tempo dos monstros. Somos forçados a viver de aparências, concordando com determinadas coisas para pudermos continuarmos vivos. Neste espetáculo, que vai muito além do espetáculo, que vivemos e “sabemos”.
          A mídia cria estereótipos que nem sempre condizem com a situação atual de cada individuo. Para John Gray somos forçados a viver como se fossemos livres e alegres.
          Precisa-se viver uma verdade revolucionária abrir os olhos para este globalização e trilhar pelo caminho de uma nova proletarização. Vamos tirar as miopias e enxergar o que estão fazendo conosco não vale apenas. Somos seres racionais temos a democracia da liberdade na alma, no ser. Não deixemos que “outros” manipulem isto.
          Ademais, faça-se uma radiografia de nosso tempo e perceba o quanto nossa cultura, nossa identidade está desfalecendo por algo fútil que tanto lutamos: qualidade de vida. Essa perca de identidade não podemos falar hipocritamente que é por melhores condições de vida. Não podemos acreditar nisso: o homem num mercado de trabalho moderno que falsei o modo de produção para o controle emocional das pessoas lá envolvidas.
          O filme: amor sem escalas, destaca uma situação o quanto as pessoas adiam seus planos para depois em prol da conquista do espaço profissional e quando pensa em criar uma família percebe-se o quanto o seu trabalho escravizou a vida toda, o interesse da empresa é apenas pelo lucro e as maledicências dos indivíduos ao seu envolto. E, acima de tudo começa a refletir do que fizeste da sua vida e um ainda está vivo ou se o trabalho já não o matou-a anos.


3.1 Desejos ou necessidades

          No mundo tecnológico atual os conceitos de desejo e necessidades são alguns casos expostos pela sociedade de forma desarmônica que na maioria das vezes são interpretadas como uma satisfação mascarada. Um desejo alcançado por uma representação social estabelecida a partir de uma generalidade que, é oferecida as pessoas como um fluxo ininterrupto de opções.
          Mas afinal de conta qual o conceito de Desejo e Necessidade. É um conceito bastante complexo, uma vez que para alguns desejos significa aspiração ou anseio por algo e necessidade vem a ser aquilo que é preciso, necessário e não podemos passar sem.
          Considerando alguns desvios de elementos que relacionam-se a tal conceituação de fato vamos nos reter a acima citada e ao logo do texto desmistificar esta questão.
          A busca pelo desejo e a necessidade tornou-se algo crucial atualmente. A necessidade podemos sim afirmar que desde a antiguidade é algo comum a todas as pessoas, pois é um requisito que não pode-se viver sem. Agora a tornar o desejo em algo  que o ser humano fica a ponto de alienação por não puder ter naquele dito momento. É uma questão que leva-nos a certos questionamentos que ouvi numa aula e achei muito inquietante e ideal para nossa era: o que é que estou deixando que façam com minha única vida? Por que será que não consigo abrir mão daquilo que me faz sofrer?
          Com os avanços da tecnologia e do mundo vivemos num existencialismo, no qual estamos constantemente nos perguntando e interrogando como chegamos a este ponto que nos leva à um mundo duvidoso e incerto?
          Ao analisar a vida cotidiana das pessoas percebe-se o quanto nossa sociedade nos monopolizamos e nos deixamos ser. A sociedade exige de nós sacrifícios pulsionais, na busca de algo que conquistamos mais depois queremos outra coisa que apareceu com características similares, porém com uma tecnologia mais avançada ou uma simples modificação num painel de um carro e corremos para trocá-lo, causando-nos assim um mal-estar que não conseguimos decifrar.
          A concepção principal concentra-se num projeto que perpassa o dito significado e vem sendo difundido desde a antiguidade e demonstrada na contemporaneidade como mera especulação ilusória. Estamos vivendo de uma ilusão sobremaneira e não sabemos lidar com tal situação.
          A permissividade da sociedade é algo crescente e incontrolável no momento atual que estamos inseridos, com os crescentes desapegos nas relações diversas, como por exemplo, nos relacionamentos interpessoais, individualismo exagerado que o ser humano está fazendo pensando no seu bem-estar, a cultura do hedonismo exacerbado e do consumismo e, principalmente o desinteresse pelos fenômenos sociais, que demarcam a subjetividade de uma sociedade que vive uma realidade do consumo.
          Pode-se afirmar que esta subjetividade sobre os fatos reais, está indo num progresso, acompanhando as mudanças. Contudo as sobrecargas das informações do mundo contemporâneo estão apresentando uma instabilidade comportamental e de personalidade nos anseios e desejos dos indivíduos e, conseqüentemente uma insegurança que influencia em uma procura por um consumo constante, justificando tal ato por uma sustentação que oferte um prazer finito.
          Os indivíduos é um ser inacabável, em razão disso é um ser faltante nos seus desejos insatisfeitos. Assim buscamos um consumo almejando uma completude ilusória, sendo impossível de conseguir com uma concretude completa.
          Ademais, os desejos nos seres humanos mudarão e aumentarão com a velocidade das mudanças ocorridas na nossa sociedade do espetáculo. Diante de toda esta transformação nunca conseguiremos de fato nos realizar, pelo fato de sermos uma simples interrogação e não sabermos muitas coisas, no qual muitos acham que sabem tudo de tudo. Assim, os desejos podem ser adaptados e controlados a sua realidade de forma equilibrada. As pessoas se apegam tantos aos desejos supérfluos que acabam vivendo uma vida de sofrimento sem fim por não conseguir ter algo. Como disse Buda, todo sofrimento provem de nossos apegos. Apegamos-nos tanto a coisas materiais e conquistas que perdemos o lado simples de viver a simplicidade de uma vida transparente, prazerosa.
          Nossos desejos serão nossa perdição nessa sociedade que mascara nossa realidade, nossa razão. Segundo Debórd (1967, p. 29), a consciência do desejo e o desejo da consciência são um mesmo projeto que, sob a sua forma negativa, quer a abolição das classes, isto é, a posse direta pelos trabalhadores de todos os momentos da sua atividade.   O seu contrário é a sociedade do espetáculo onde a mercadoria se contempla a sim mesma num mundo que ela criou.
          À mediada que busca aspectos básicos que dão origem a qualidade vida, que preenchemo-nos, deslocamos nossos desejos para aspirações mais elevadas, originando atos de satisfação imaginários.
          Com relação a necessidades vamos dizer que é algo necessário e crucial na nossa vida. Nosso organismo sobrevive à base dela. É algo mutável imutável, a depender de nossas aspirações que ao alcançar um nível sua necessidade ascende para outro mais elevado. Quase similar a desejo, porem, este pode ser dizer que é saciável e preciso.
          Segundo a teoria de Maslow as necessidades humanas podem ser agrupadas em cinco níveis:
Necessidades fisiológicas;
Necessidades de segurança;
Necessidades sociais;
Necessidades de status ou de estima;
Necessidades de auto-realização.
          As necessidades humanas estão imiscuídas com o trabalho, desde o advento da mais-valia, a transformação do trabalho em mercadoria, tem tido decorrência marcantes na sociedade humana e, principalmente, no comportamento humano, que, obviamente, se deram dialeticamente em comum.
          Ao destacar sobre necessidades fisiológicas, que são necessidades primárias da sobrevivência do ser humano, alimentação, higiênicas, vestimentas, trabalho, sexo, ar etc. Acrescentamos nesta um valor, podemos dizer um valor de troca, relacionada com divisão de trabalho, pois à medida que vamos conseguindo suprir estas necessidades que não podem faltar a nós primamos por algo mais. Desta forma, as coisas necessárias a nossa simples sobrevivência começa a perder sua especificidade, um sapato, por exemplo, não é mais, apenas, algo que protege meus pés do “risco” do chão, é algo que amanha também será trocado por outra coisa.
          Na segunda etapa fala-se de necessidade de segurança uma vez que num mundo de hoje vivemos uma vida conturbada que procuramos incessantemente por um abrigo, conselho para acalentar nossas aflições interiores e exteriores. Assim, podemos citar aqui as igrejas ou qualquer outro tipo de proteção que nos traga segurança física ou espiritual.
          Na terceira etapa surge à necessidade social, esta necessidade tem haver com pertencimento ou aceitação num grupo, na família, no trabalho. Somos seres humanos nossa existência toda foi vida em grupo e de sentimos a sensação de pertencer a um grupo é algo primordial para essência das pessoas.
          A necessidade de status ou estima, nós buscamos uma vida quase perfeita. Trilhamos por um caminho de alcançar objetivos, ser competentes, ganhar reconhecimento e aprovação de nossas atitudes. Nesta fase pensamos muito no que as outras pessoas pensam ou falam sobre nós, almejamos a atenção das pessoas. É uma fase bastante inquietante que nos leva a insegurança, da baixa auto-estima e até da dependência afetiva.
         A última necessidade que Maslow cita que é o cume da pirâmide se refere à necessidade de auto-realização, nesta parte o ser humano busca realização como pessoa. O ser humano quer chegar à satisfação, a motivação plena.
          Assim, as necessidades fisiológicas, de segurança e sociais as pessoas buscam satisfazer tais necessidades, o não conseguir realizar uma delas, traz no ser humano uma desmotivação intensa, o que de certa forma o impossibilita de seguir adiante, como por exemplo, não consigo satisfazer minha necessidade de segurança. Diante disso, o individuo não se sente satisfeito para seguir outro patamar, o da necessidade social. Já as necessidades de auto-estima e auto-realiazação está ligada a motivação. O chamado “homo complexus”, ou seja, autoconhecimento, algo intrínseco. O individuo canaliza sua energia para busca da auto-realização e motivação. Importante frisar que a necessidade de auto-realização ela é insaciável, quanto mais satisfeita sua vontade sua necessidade aumenta
          O ser humano percorre um longo trajeto até chegar ao cume da pirâmide, contudo, chega lá, não está completamente satisfeito, falta-lhe algo, que ele nem sabe o que é. Com isto, o individuo procura outros meios de motivar-se, pois esta auto-estima de busca por aceitação das pessoas, por ser reconhecida, busca por uma satisfação que pode ser intrínseca ou extrínseca. Vivemos de momentos que nos movem para uma ação. Poderemos está triste, porém motivados, uma vez que satisfação recebe interferência de vários fatores externos.
          Pode-se exemplificar sucintamente um caso: determinada pessoa trabalha numa organização, vive para o trabalho e tem a oportunidade e viajar para o exterior fazer um mestrado na sua área funcional e pensa em retornar e aplicar na sua empresa. Retorna para o seu trabalho, depois de anos estudando no exterior, ao reintegrar no trabalho percebe que muitas coisas mudaram e que as pessoas não lhe davam mais atenção e nem reconheciam todo seu esforço em querer colocar o que aprendeu no curso no seu trabalho. Esta funcionária começou a sentir mal ao ver que suas idéias não valiam e não eram aceitas na sua empresa e que havia certa resistência do seu chefe imediato e colegas na colocação na prática. A funcionária iniciou um processo longo para que lhe aceitassem, porém não conseguiu e foi definhando até chegar ao ponto de cair na depressão e se suicidar-se.
          Percebamos que no case acima a funcionária não conseguiu satisfazer a necessidade social, de auto-estima e auto realização, onde decaiu numa regressão total. A satisfação é algo individual e particular, quando a funcionária viu que seu objetivo não seria alcançado não agüentou, perdeu o foco. Tem pessoas mais centradas, com sentido de aguçamento para galgar patamares além do seu infinito e por não conseguir atingir seu objetivo, não alcançar a interação, o reconhecimento social sofreu uma baixa auto-estima, onde o fator interno alinhado com o externo levou a uma desmotivação sem retorno.
          O ser humano procura aperfeiçoar-se, aprimorar-se para a realização de uma troca de satisfação de suas necessidades e desejos através do seu trabalho. Vejamos na atualidade a inversão das coisas, o trabalho vem significando a mesma coisa mais produtividade e rendimentos dos funcionários, porem nossa contemporaneidade quer algo mais de nós. E deixamos que este algo mais tomar conta de nossa razão e nos deixamos levar por esta troca de valores. Produzimos coisas que não consumimos, outras indivíduos consome mercadorias que não produziram e, vamos perdemos nossa ação e sobrevivência. São tantas coisas que mesmo sabendo disso tudo fico perplexa até aonde vamos parar com toda esta insignificância do ser humano, seres usados e descartados.
          Alienamos nossa capacidade de pensar consciente na busca da meta suprema da vida: economia, lucro etc. Neste momento precisamos transformar a reflexão sobre o homem na intervenção do homem. Não podemos deixar que o caso da funcionária está alienada pelo trabalho e até o ponto de perder sua razão e suicidar. É isto que queremos para nós?
          Por fim, necessidades e desejos são assuntos amplos que cabe mais estudos e análises. Este meu estudo sobre o futuro das pessoas está tentando identificar traços para um futuro para essa sociedade tão mutante. É fato que nosso ser é motivado diariamente por busca de certos anseios imediatos. Nossa sociedade oscila em torno dessa busca.
          Necessidades é algo que as pessoas conquistam para sua sobrevivência ou fantasias humanas e que estas conquistas satisfeitas trazem uma interferência nos desejos das pessoas, onde o preenchimento de uma necessidade alavanca outras aspirações. Abraham Maslow sugere, por meio de sua pirâmide das necessidades humanas, que as pessoas ambicionem o topo, ou seja, a auto-realização, momento este que as necessidades internas e externas do ser humano serão potencializadas.
          Contudo, é no ponto anterior citado que precisa-se ter um pouco mais de atenção, uma vez que a sociedade se preocupam muito com os impulsos e volições primitivas e instintivas da humanidade, todavia devemos nos ater a relevância do ser humano buscar infinitivamente por seu potencial de sabedoria. Até que ponto o ser humano iria para alcançar tal cume? O que seria capaz de fazer para sentir satisfeito sua concretude? Fica aí a dica.
          Os indivíduos, na sua jornada vem criando varias imagens,  a qual o homem não é nem escravo nem senhor de sim mesmo ou do mundo. Segundo Engels (apud Lane, p. 151), “o único fato social é de que o homem precisa sobreviver; submenter-se ao mundo como um simples mortal, projetar e recriar o mundo à sua imagem e semelhança, como um Deus.”
          Uma coisa é certa: vivemos num século de mudanças e se não mantivermos nossos desejos bem satisfeitos e nutridos, nossas chances de sobrevivências são mínimas.

3.2 Trabalho: sacrifício ou privilégio

          Uma sociedade que tem de dissimular um comportamento e uma felicidade que não é autentica. Trago isso para o âmbito do trabalho: um local que para muitos, uma vida de dor, que vivem cotidianamente.
          Segundo De Mais, toda manhã, na África uma gazela desperta. Sabe que deverá correr mais depressa do que o leão ou será morta. Toda manhã, na áfrica, um leão desperta. Sabe que deverá correr mais do que a gazela ou morrerá de fome. Quando o sol surge, não importa se você é um leão ou uma gazela: é melhor que comece a correr.
          Este apólogo traz a tona um ambiente de trabalho onde todos estão numa posição de violência e agressividade em desfavor dos menos favorecidos, os colaboradores e o quanto vivenciamos isso na atualidade. As organizações vivem-se num teatro de guerra. Dentre estas primeiras colocações vamos para a temática em questão. Trabalho: privilégio ou sacrifício.
          Trabalho tido por alguns estudiosos como privilégio, que amadurece, realiza e socializa, eleva uma relação humana, a estética dos lugares e o tempo de vida. Além de enobrecer o ser humano.
          Pode perceber este ócio do trabalho pelos grandes empresários e pessoas físicas que trabalham a vida toda, com a finalidade de adquirir status e estabilidade financeira.   Realizações dos desejos e necessidades indivíduos. Porém, outras consideram o trabalho como algo que esquizofrenia, fadiga, exploração da mão-de-obra escrava, um castigo, um sofrimento. As pessoas devem passar por vários tipos de situações para alcançar o verdadeiro ócio do trabalho.
          Faze-se uma analogia no estudo em epígrafe a acepção do termo sacrificar que significa sofrer, renunciar, abdicar do presente para alcançar determinados objetivos no futuro improvável. Uma concepção bastante controversa, pois não acredita-se que a sociedade terão a missão aqui na terra de padecimento, mazelas sociais. Estamos neste espaço para sermos felizes, por isso, que se deve viver o presente. O futuro é algo incerto.
          Numa imaginação aleatória, a qual universitários que trabalham 08 horas e estudam, bem como as pessoas no geral. Que vida é essa? As pessoas estão perdendo o melhor parte da vida; emprego dos sonhos, dão priori em suas vidas, para depois viver e ter algo melhor. Tomamos a liberdade neste ensaio para que as pessoas viriam o agora, preocupar-se mais conosco. E não que seremos, ou com o que deixaremos para esse mundo.
          Realmente o trabalho é nobre, belo, seguro e dignifica o indivíduo. É uma ferramenta que traz resultados significativos e satisfatórios para executar como para quem usufrua dos resultados almejados. Hoje atualmente na era da informação e tecnologia da recessão econômica dentre outros fatores, que implica nas pessoas em conseguir um trabalho neste período.
          O ócio é terrível e bom. O desemprego gera vários impactos no meio social, uma avalanche de problemas: droga, roubos, miséria, fome, mendicância, os crimes, falta de oportunidade para crescimento como um todo. Para de Camus (Apud De Mais), o operário de hoje se esforça cada dia da sua vida no mesmo trabalho e o seu destino não é trágico senão nos raros momentos em que ele fica inconsciente.
          Por seguinte, os masoquistas comprazem-se com o sacrifício, uma vez que desenvolve um consciente o sentimento contrário, confundindo com atos de altruísmos. O trabalho traz no seu conceito mais que os outros com os menores detalhes das pessoas que decepções não conseguem dormir e, muitos vezes, fica tenso e assustado.
          É muito relativo descrever algo sobre o trabalho, pois haverá diversos contextos direcionados. Segundo E. Rich Fromm, o nosso perigo é de sermos transformados em robôs. Todavia, isto já está acontecendo. A sociedade do espetáculo está fazendo isto e estamos deixando que façam isso conosco. Nosso trabalho é visto como algo tolerado, um sacrifício necessário para conquista de sonhos e o senso disseminou para o alcance de metas e objetivos o ser humano precisa sofrer e passar por diversas tubulações para atingi-las.
          Da revolução industrial até os tempos atuais, nossas vidas gira entorno dessa civilização da hiper-globalização que não reprime os pensamentos, porém o torna dispensável. A hiper-modernidade fala mais alto do que o Estado, igreja e tradição. Estamos vivendo uma verdadeira alienação do trabalho, onde não sabe-se quem de fato nos escraviza ou escravizou. As coisas estão indo numa velocidade sem limite, uma vez que os limites impostos e estabelecidos pela igreja, estado e tradição se perderam.
          A quebra de modelos e paradigmas está fazendo com a sociedade esqueça sua condição humana, perdendo toda nossa capacidade objetivo e subjetivo, limitação e, nossa transcendência. É permitir ser gente no trabalho e não “maquina de produção”.
          Segundo De Mais, os valores da sociedade pós-industrial são a intelectualização, a desespecialização, a feminilização, a desestruturação do tempo e do espaço, a importância crescente dada à qualidade do produto e à qualidade de vida. Enfim, pede uma organização empresarial totalmente diferente da que temos hoje. Pede um ser humano mais estruturado em si mesmo. Mais de acordo com sua natureza, inteiro e vivo.
          A mídia emprega em nossas mentes que as organizações primam melhor para nós, com resultado com o mínimo esforço, mas infelizmente nos reduz a máquinas desengonçadas em que, por trás daquele álibi da eficácia e eficiência e do mérito pelo o atingimento dos resultados, reina o desempenho, o desperdício, os privilégios para os empresários, gerentes e quadro de funcionários e fator humano fica numa situação delicada.
          Contudo, alguns têm alguns trabalhos super-agradáveis, até gratificantes, por outro lado, outros têm trabalhos cansativos, desagradáveis, que torna-se repugnantes que, fazemos por que realmente precisamos e n maioria das vezes não porque gostamos. As pessoas alienam a si mesmo por trabalharem em algo que não se afirma como é.
          O trabalho tem seus privilégios para alguns poucos e sacrifícios para maioria. Mas será que temos que definhar nosso corpo e destruir nosso espírito, não desenvolver uma energia livre, física e espiritual? Fica este questionamento que será respondido no decorrer do texto.
          Conforme Camus (Apud De Mais), o operário de hoje se esforça cada dia da sua vida no mesmo trabalho e o seu destino não é trágico senão nos raros momentos em que ele fica inconsciente.

O que estamos fazendo com nossas vidas e as vidas das pessoas que estão no nosso envolto?

          Nossa sociedade é um verdadeiro palco, nós somos este palco, no qual encenamos personagens, usando mascaras numa grande representação teatral constante.
          O ser humano manifesta uma expressão que nem sente que está aos poucos desaparecendo em pleno potencial do existencialismo tanto almejado. Hoje para nossa sociedade está difícil reconhecer o outro com quem nos relacionamos como um legitimo outro, tendo em vista não sermos mais capazes de reconhecer-nos no outro individuo. Mas, isto é algo que sempre existiu e que está sendo externado na nossa sociedade metamórfica.
          Estamos em busca de uma transcendência de unicidade e utilitarismo em que o individuo representa uma coisa descartável, sendo usada e requisitada somente quando precisar e o uso que se possa fazer dele. É triste sentir isto e escrever com tanto veemência, mas é o que nossa sociedade vem desenvolvendo e internalizado há séculos sem que tenha-se apercebido ou tomado ciência, até mesmo nem querendo saber, haja vista a voz e o som do capitalismo soar mais forte.
          Toda esta situação nevrálgica aplica-se as relações que vem se mantendo nós e a junção com os demais membros da sociedade, principalmente o capitalismo. Este modifica tudo no ser humano, entretanto tem o lado bom e ruim, porém nós precisamos conciliar e mesclar os dois lados para uma melhor colocação no âmbito social.
          O fator emocional das pessoas é algo tão intrínseco, imutável que os fatores externos estão conseguindo ultrapassar esta barreira, fazendo com que os indivíduos mantenham uma separação do altruísmo, bem como o desaparecimento da alteridade.
          Na nossa sociedade quase não há mais espaço para totalidade, pois o individualismo, a busca insana pelo status, da tão falada qualidade de vida, o capitalismo está degenerando, desequilibrando nossa sociedade. Portanto, o resgate do sentimentalismo de totalidade precisa-se vivenciá-la com urgência.  Acrescentamos aqui, que o capitalismo não é o satã de tudo, mas precisa-se utilizá-lo de forma consciente que possibilite um crescimento saudável da totalidade, onde possamos nortear nossas escolhas para colocar em nossos caminhos mais alegria, mas felicidade e mais paz.
          Por fim, todos nós escolhemos livremente nossos caminhos. Pressionados pelas emoções, baseados em nossos sentimentos, envolvidos em nossas ilusões. Escolhemos ao preferir esta ou aquela oportunidade, ao fazer este ou aquele conceito, ao colocarmos em nossos próprios olhos as lentes com as quais preferimos enxergar a vida, as pessoas, as coisas.

Individualismo e egoísmo

          Sociedade contemporânea criando pessoas egocêntricas, individualistas e egoístas. Mas, será que este tipo de individuo não está vivendo numa práxis de emoções no galgar patamares inacessíveis e que isto cria estímulos cada vez maiores na sua razão de existencialismo, desenvolvendo assim, uma personalidade individualista e muitas vezes tendo um lado egoísta?
          O individuo vive uma vida de escolhas, que traduz a sua própria responsabilidade e conseqüências. O ser humano é um ser em constante transformação, que o leva ao autoconhecimento, auto-aceitação e auto-respeito. É uma transformação que gira em torno de um ciclo de reinventar-se algo para manter-se renovando sempre.
           O individualismo é característica marcante na sociedade atual, na qual as pessoas estão vivendo mais no seu trabalho, no seu projeto de vida do que consigo próprio ou no outro.       As mães estão trabalhando mais fora de casa, com os filhos estão vindo desde cedo utilizando a tecnologia, isolando de certa forma do mundo, trancando-se mais dentro do seu espaço, uma vez que as ruas não são mais o playground do passado presente. Isto tudo por causa do progresso tecnológico. Contudo, o individualismo para alguns estudiosos considera-se algo positivo, pelo fato das pessoas consegue articular e desenvolver seus alinhamentos de convivencialidade individualmente.
          O individualismo utilizado de forma consciente é bastante promissor, mas quando alinhado ao ser egoísta, este pode causar um abalo sísmico. O comportamento ou modo de ser do individualismo está ocasionando múltiplos fatores nas pessoas, isto está esquizofrenizando nosso ser, as pessoas. Estamos incessantemente em busca de algo, mas o quê?
          Esse individualismo acarreta vários sentimentos de insegurança, vazio e ansiedade que pode vislumbrar através do aumento das doenças da contemporaneidade. Dentre tudo isto existe o ser egoísta, um ser prepotente, vil, que não é nem fraco e nem esperto, mas que precisa se encostar-se ao outro como parasita para crescer na vida. Pessoas hipócritas que unidas ao individualista aí sim, pode gerar uma erupção vulcânica irrefundável nas pessoas que lhes são próximas.
          Usa-se qualquer coisa, estimulo externo para afastar de nós mesmos. Saciamos nosso ego, coisificando as pessoas. Perdendo nosso foco e nos tornando ocos por dentro, restando somente uma película externa, pois já abandonamos coisas simples por gratificação ilusória, insignificante para nossa existência nesse mundo modificável.
          A sociedade do individualismo, engessada pelo desejo de conquista sobre qualquer circunstancia e egoístas a ponto de deixarmos de lado nosso traço marcante que é nosso caráter. Isto na atual realidade já não vale de nada.
          O mundo tecnológico em constantes mudanças, onde as pessoas estão cada vez mais egoístas e individualistas. Todavia, esse é o preço da globalização, bem como, a competição e concorrências do mercado tecnológico.
          Insta salientar que, o individualismo não se refere precisamente ao indivíduo egoísta, pois trata-se de um processo de amadurecimento, onde o individuo começa a desenvolver-se por si mesmo. Todavia, isto gera sofrimento, incertezas, sentimento de culpa, afinal lidar com determinadas situações exigem certo grau de maturidade.
          Sendo assim, não temos escapatória: no atual contexto cada indivíduo tem a indubitável missão de aprender seu modo próprio de ser e contribuir com o mundo a partir de sua singularidade, não deixando mudar o seu humano.

5 A frivolidade na sociedade de aparência

          O advento da era industrial, o surgimento da tecnologia do conhecimento incidiu no ser humano algumas dificuldades e vulnerabilidade na forma de decifrá-la sem tornar cruel as desigualdades e idiossincrasias sociais cruciais.
          Com a frivolidade que sempre existiu como vamos elaborar valores novos e uma nova ordem social? Uma vez que difícil a imperação de uma transformação nesta civilização que formamos e desenvolvemos pensando no esplendor do sucesso e como forma de diminuir ou ate sanar os germes dos problemas e conflitos da sociedade hiper-modernidade.
          Uma sociedade completamente globalizada, muito diferente das sociedades precedentes que viviam somente de caça, criação, agricultura etc. estamos numa situação que é muito difícil identificar o futuro e, principalmente quem realmente somos, simplesmente limitarmos em quem não somos mais.
          As pessoas são “obrigadas “ a acompanhar o ritmo de uma sociedade individualidade e egoísta que pensa nos seus próprios favorecimentos. A frivolidade está tomando conta dos indivíduos. Pode-se afirmar que o mundo está mudando velozmente, porem o mundo não pode mudar sem nós. Diante disso, não podemos deixar as coisas sufocar-nos com coisas frágeis e volúpias que pretende nos compelir a fadiga à vida toda. Estamos nos desintegrando numa miríade necessidade e desejos.
          O momento é  de ruptura, pode-se afirmar da nossa própria modernidade. A sociedade está passando por um processo de reconfiguração, que assume contornos e riscos avassaladores. Desta forma, a metamorfose dessa sociedade está gerando mudanças radicais e drásticas no modo de ser e no comportamento dos indivíduos.
          Vivencia-se uma instabilidade catastrófica no meio da hiper-sociedade. Podem-se mencionar alguns desastres que estamos presenciando e, tendo uma mente “fechada” para as coisas sociais do mundo. Os meios de comunicação, a educação, a política, o erotismo, foram completamente desvirtuados, tornando simples objetos de entretenimentos. Além do empobrecimento da cultura que a nova sociedade do espetáculo a democratizou, tornando-a um mero espetáculo. Perdemos a capacidade de descriminação, de referências, que está resultando num caos sem controle.
          O presente ensaio vislumbra uma desvalorização de tudo que, justifica-se através de um cinismo niilista que tolera a fraude e a corrupção política, fazendo com que as pessoas fiquem completamente desmotivadas e desacreditadas na execução de seu ato pleno de cidadania. Simplesmente o que estamos vendo é o triunfo da frivolidade, onde a hipocrisia está perpetuando, pois as pessoas infelizmente estão demonstrando aquilo que não são no seu interior.
          Como pode os indivíduos deixarem que amoralidade se torne a forma superior de “moralidade”? Sei que nossa civilização é feitas de escolhas e, infelizmente, nossos intelectuais escolhem a forma mais fugaz, a barbárie de fazê-las.
          Essa afetação do século XXI influência a todos a sua volta, fazendo com que as pessoas coloquem seu próprio prazer pessoal acima da miséria daqueles menos favorecidos que precisam de nossa ajuda. É um caos social, o que fazer para mudar essas coisas que nos fazem tanto mal. Como consertar nossos erros sobre os demais?Como acabar com esse obscurantismo trapaceiro que coexistem em nossa sociedade?
          Como pensaria Frank Kafka na nossa sociedade contemporânea, globalizada, hiper-moderna que nega-se a própria existência de vida em prol de um status imaginário? Nossa cultura hoje é entretenimento e se afasta da reflexão consciente.
          Segundo Agustina Bessa-Luís, “a frivolidade é também uma forma de hipocrisia, porque as pessoas não são aquilo. A pessoa, quanto mais frívola nos parece, mais esconde a sua natureza profunda”.

6 Conclusão

          Uma sociedade que vem ultrapassando todos os limites, nos quais a cultura está desaparecendo aos poucos ou se já não se perdeu. Uma vez que vive-se num sentimento cada vez mais de desamparo, onde as pessoas começaram a criar seus próprios mitos, estabelecendo assim, uma nova ordem social que está sufocando-nos. Todavia, novos mitos tecnológicos, que nos remetem a miopia e alienação com todas essas mudanças abruptas, vantagens fugazes, etc, pondo à prova os prováveis limites da estrutura da sociedade.
          Defrontamo-nos com uma grande quantidade de novos problemas, espetáculos, situações aflitivas e dilemas que expõem as limitações das pessoas de novos processos e sistemas que aprisionam as pessoas que, utiliza de sua influência para manipular e persuadir os indivíduos para um espetáculo desconhecido. O individuo está vivendo numa completa ilusão desenfreada.
          Os estilos de vida das pessoas apresentam tantas variáveis, é sem dúvida um grande desafio, pois todos os indivíduos são produtivos, todos têm capacidade, habilidades de aportar seus conhecimentos e experiências dentro das suas competências. A cada dia o papel do das pessoas, no âmbito profissional e pessoal não é de ser estável, é muito maior do que isso, pois está voltado para os anseios da necessidade e desejos, somos todos privilegiados e com uma responsabilidade muito grande. O individuo agente de reconfiguração da Sociedade.
          A jornada de atividade desenvolvida no nosso cotidiano ao longo da vida é um percurso tão complexo, que se tornou, com o trajeto dos tempos, onde as pessoas começaram ou sempre tiveram um comportamento inconstante, carregadas de peculiaridades.
          A vida é feitas de simples momentos e na nova era que estamos vivenciando estamos deixando para depois muitas coisas que são relevantes para nossa essência de ser humano. Todavia, o galgar patamares diversificados sobressai em quase tudo em nossa jornada de querer sempre mais e nunca estarmos satisfeitos com o que acabamos de conquistar.
          Diante da mencao acima e ao longo de nosso trajeto de pessoas infinitas, no que concerne sua vida profissional e carreira trazemos algumas questões para reflexões para que possamos entender o que de fato a idiossincrasias fazem com nossas vidas nesta nova era da tecnologia: O que é que estou fazendo com minha única vida? O que é que eu estou deixando que os outros façam da minha vida? Por que eu não consigo abrir mão daquilo que me faz sofrer? O que é que eu estou fazendo com a única vida das pessoas que possam pela minha única vida? Será que existe vida antes da morte? (Antonio Jóse Saja, 2014, aula de Pós-Graduação em Gestão de Pessoas). Foi a partir dessas reflexões que motivei a escrever este ensaio.
          O individuo está lutando tanto por sua independência financeira, bem como por qualidade de vida, todos estes sacrifícios de conquista, sonhos, as pessoas estão perdendo sua identidade, sua essência de ser. Valendo-se apena de coisas materiais, de desejos superficiais, para cunhar uma sociedade elitista.
          Segundo Debórd (1967), onde se instalou o consumo abundante, aparece entre os papeis ilusórias em primeiro plano, uma oposição espetacular entre a juventude e os adultos, por que não existe nenhum adulto, dono da própria vida, e a juventude, a mudança daquilo que existe, não e de modo algum propriedade desses homens que agora são jovens, mas sim do sistema econômico, o dinamismo do capitalismo. São as coisas que reinam e que são jovens, que se excluem e se substituem sozinhas.
          Habita-se numa sociedade em que tudo está se reconfigurando, se tornando instável, novo e imediato. Uma sociedade do excesso que nos ultrapassa e nos ameaça de uma obsolescência total. Uma sociedade que acredita na representação das imagens. Uma alienação das inconsciências das mudanças, sendo explorado pela mídia e meios de comunicações que não fazem o que de fato é tarefa deles.
          Somos uma civilização em que as imagens valem mais, a subjetividade já não diz mais, o partadamento dos pensamentos e do coletivo. Somos meramente identificados como   simples imagens, interferindo no nosso ser.
          Na sociedade contemporânea a tecnologia do futuro das pessoas estão em risco. Neste sentido o espetáculo que vivemos está levando à degradação da cultura e do espírito com a coisificação das pessoas, tornando a sociedade um ser industrial descartável, onde todos têm o seu preço e valor. “Salve quem puder e tiver recursos “ .
          A crise de valores, o surgimento da banalização e a frivolidade que está desarmando moralmente a cultura já descrente, a superficialidade, a ignorância, a bisbilhotice e até o mau gosto das coisas.
          A constituição dos entraves de uma sociedade que não sabe aproveitar sua liberdade à democracia. Um exemplo é o uso do véu das meninas muçulmanas nas escolas, onde o governo proibiu tal ato. Observa-se que tal ação aconteceu em um país que iniciou o rito a liberdade de expressão para impor tal situação. Percebe-se o que está faltando entre as culturas é o respeito e tolerância da liberdade entre os povos, nações, mas o presenciamos é o contrário é uma ablação cultural sobre os costumes e crenças religiosas, dando lugar a preconceito, estigmas e diversos conflitos sociais que impactam na vida de toda uma sociedade.
          Vive-se, portanto, num tempo em que o passado deixou de luminar o futuro. O grande desafio agora é substituir as idéias de mau gosto e defasada desta sociedade que nos guiou até aqui por um novo repertório que nos conduza a uma nova filosofia, desencantar esta sociedade está matando nossa cultura.
          Assim, conclui-se este estudo com uma questão que perguntaram ao Dalai Lama: - O que mais te surpreende na humanidade? Ele responde: os homens... Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... E morrem como se nunca tivesse vivido.

REFERÊNCIAS

SAJA,  Antônio. Professor,  filósofo.

BAUER, Ruben, Agostinho Esteves Márcia, Predebon José. Convivencialidade: a expressão da vida nas empresas. – São Paulo: Atlas, 2002
DÉBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. -1. ed. Contraponto Editora, 1967.
KAFKA, Franz. A metamorfose.  1. ed. – Editora: Companhia das letras, 1997.
LANE, Silvia T. Maurer. Psicologia social: o homem em movimento. – 13. Ed. – São Paulo: Brasiliense, 1994.
MASI, Domenico de. O futuro do trabalho: fadiga e ócio na sociedade pós-industrial, -3. Ed – Rio de Janeiro: José Olympio; Brasília, DF: ed. da UndB, 2000.
VARGAS, Mario LIosa de. A civilização do espetáculo: uma radiografia do nosso tempo e da cultura. -1. ed. – Rio de Janeiro: Objetiva, 2013


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